segunda-feira, março 17, 2008

Até quando?

O que nasceu primeiro, a impunidade ou a pilhagem do patrimônio público? Sinceramente eu não sei, mas nessas duas tragédias nacionais existe outro ingrediente, a propina. São tantos os safados que criam esquemas cruéis de desvio de dinheiro público, são tantos criminosos lotados ou com “filiais” em órgãos públicos. E são tão poucos aqueles que pagam por esse crime, se é que alguém já pagou realmente. Uma coisa é certa, alguém tem feito o pagamento: o povo brasileiro, o contribuinte, em cada imposto sobre imposto, em cada desserviço público, em cada estrada esburacada, em cada escola caindo aos pedaços, em cada minuto aguardando na fila por um atendimento chulo numa instituição de saúde… Alguém paga.

O esquema recente no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) onde se fraudavam concessões de títulos de entidade filantrópica parece que foi a gota d’água, assim como tantos outros que o antecederam e, infelizmente, outros que ainda estamos por descobrir. É como um “gato”, só que não no sistema elétrico ou na rede de abastecimento de água, mas, assim como o gato que bem conhecemos (e sobre o qual já comentei aqui) esse também desvia recursos para uns, prejudicando muitos outros e a si mesmo. Ninguém pode fugir do ciclo vicioso que nos envolve enquanto inseridos numa sociedade, nem o honesto nem o criminoso.

O que é mais revoltante nesse caso é a questão da pilhagem direta. São milhões de Reais que deveriam ser aplicados na melhoria de vida dos mais pobres, trazendo estes para um patamar social aceitável e digno, e esse dinheiro é desviado de forma a beneficiar uma vida de riqueza surreal de uma quadrilha constituída e cujas teias alcançam altos postos da administração publica. Enquanto isso, mesmo com a festa do BIP acima do esperado, milhões de brasileiros ainda sofrem, estando à margem dos benefícios sociais (assistencialistas ou não) tão aplaudidos.

Isso é crime hediondo. Dos mais terríveis que se possa imaginar. Esse tipo de ato criminoso não deveria mais ser chamado apenas de desvio de bem público ou corrupção, e sim promoção da pobreza, da miséria, da fome e da morte, pois é exatamente isso que fazem esses bandidos.

E é sempre a mesma coisa. Os esqueminhas de cada dia. O pagamento de propina a criminosos em postos chaves permitem que outros bandidos promovam suas praticas delituosas. Somando um pouco de omissão de alguns outros, eis um prato cheiro para que o assalto ao bem público seja mantido. O ingrediente final é a impunidade. Mesmo tudo provado, os bandidos continuam desfrutando de suas riquezas. Aqueles com mais projeção política e espaço na mídia, fazem discursos acalorados para tentar convencer-nos de sua inocência. Daí acha uma das muitas “brechas” na lei e continuam praticando seus atos. É repugnante.

Outro caso que ocupa os jornais ocorreu numa instituição que está se mostrando a mais corrupta nos últimos anos: a ALERJ (Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro). O episódio de uso, por parlamentares, de cidadãos humildes e com número grande de filhos, registrando-os como assessores fantasmas, para desviar recursos que seriam de educação e salário, é execrável. Esses canalhas deveriam ir direto para a cadeia.

Mas existe a impunidade. A luz no fim (o logo no início) do túnel para os milhares de salafrários que promovem, repito, promovem a fome, o abandono, a falta de oportunidades e condições para educação, a miséria.

Até quando?

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