sábado, março 01, 2008

Eu critico, tu criticas, ele não aceita críticas…

… mas Nós criticamos. Pelo menos Eu critico, ou melhor, lanço um olhar crítico sobre os atos do governo.

Eu havia escrito um post bem longo sobre isso, deixei nos rascunhos do Gmail e, por descuido (lê-se: burrice) apaguei. Mas não desisti de pelo menos comentar um pouquinho que seja. É sobre o Luiz da Silva e seu destempero.

Seria errado não reconhecer a situação privilegiada em que o Brasil se encontra, com crescimento em vários setores da economia e um achatamento da pirâmide social. Mas penso que seria mais errado ainda, assim como alguns o fazem, colocar o Luiz da Silva num pedestal e lhe creditar tudo o que hoje vemos de bom. Ele tem seu mérito, claro. Foi inteligente em muitos aspectos. Mas o atual presidente, em minha opinião, é parte de uma construção que se iniciou (olha o perigo) com Collor, seguiu Itamar, teve FHC e agora ele, Luiz da Silva, o Lula.

Lula chegou ao poder, e se manteve sendo agraciado com um segundo mandato, não porque é ex-operário e ex-sindicalista carismático, "do povo", mas essencialmente porque abandonou a retórica vazia de sempre ir contra a situação, estando então na oposição, e foi politicamente racional para seguir com o populismo (com programas bons, diga-se de passagem) sem romper com o caminho já traçado por seu antecessor e que tanto criticou e combateu. Além de ter se cercado de latifundiários e caciques do poder, até pessoas que tiveram ligações íntimas com a ditadura militar, o que lhe garante caminhar mais sossegado pelas trilhas do poder. Ao fazer isso a corrente não foi quebrada, manteve-se a confiança dos investidores, que antes tinham medo, o mercado se aquietou e as coisas ficaram relativamente tranqüilas para se trabalhar. Ponto para ele.

Hoje Luiz da Silva não perde oportunidade de tecer comentários, grosseiros por vezes, ao antecessor. Comparações absurdas ou despropositais como no caso do cartão corporativo (onde pareceu uma criança justificando o erro, pois o amiguinho também fazia) parecem ser uma mania. Chegou a taxar de "pé frio" o ocupante anterior de seu trono, num desrespeito que, infelizmente é aplaudido por muitos. Teve sorte, sim. Descobertas de reservas petrolíferas, mercado externo propício, mercado interno se aquecendo. O PAC, como já foi por vezes comentado, em suma é um pacote de projetos engavetados. Qual o motivo de não ter sido posto em prática antes? Não sei. Quem sabe um pouco de fraqueza da então situação, com interesses diversos, misturado com um tanto de obstáculos de uma oposição cega, que parece pregar a anarquia até que chegue ao poder. O fato é que está saindo do papel, ou pelo menos parece. Espero que saia, que se realize. Tudo isso faz crescer a popularidade do presidente, mesmo sendo leniente com a corrupção, sempre minimizando os atos escusos ocorridos em seu governo e praticados por seus próximos. O fato de, em de seus despautérios, ter de certa forma assumido os maus tratos aos presos como prática comum ao falar que “Se porrada educasse, bandido saía da cadeia santo”, também não atrapalha sua imagem. Parece estar blindado contra tudo.

Mas Luiz da Silva não aceita crítica, o que é mais difícil de aturar. O mais recente “evento” foi declaração direcionada ao Supremo Tribunal, que deixou perplexo o Ministro Marco Aurélio Mello. Perplexidade eu não sinto mais. Como disse, ele não aceita críticas e se permite ladrar impropérios sempre que quer, como uma criança mimada. Apesar de um discurso democrático tais atitudes me fazem crer que seu desejo seria governar ditatorialmente, com poderes absolutos sobre tudo e todos. Assim como já acenou o seu amigo Chaves e concretizou o aposentado do ano, Fidel, durante quase meio século.

Mas está tudo bem. Está tudo certo. A economia vai bem e isso é (ou deveria ser) bom para todos. Cresce o emprego, diminui-se a pobreza. A divida externa e a inflação parecem ser coisa que ficaram na história. Enquanto isso ele, Luiz, pousa de único salvador. Nessa, parece que nem o povo, do qual diz ainda ser parte, parece merecer um pouco de crédito.

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