terça-feira, março 25, 2008

Declaratices dengosas

A gente acredita que o turista que vem visitar a nossa cidade hoje não é candidato ao foco da dengue pelo fato de ele estar em Copacabana e Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro” foi o que disse o presidente da Abav-RJ (Associação Brasileira das Agências de Viagens), Luiz Strauss de Campos no Bom Dia Brasil de hoje. Eis um tipo de declaração que mostra a ignorância ou falsa inocência de certas pessoas em posições importantes, seja de organismo público ou privado, como foi o caso.

Gostaria de saber em que mundo ele vive. Não percebe que os casos de dengue, apesar de terem maior incidência na Zona Oeste, atingem toda a cidade. Isso sem falar nos municípios vizinhos, da Baixada Fluminense, e outros pontos no Estado, menos cotados para ocuparem os jornais ou as rodas de bate-papo dos que "planejam" ações de combate à dengue.

Não percebe que focos do mosquito são observados (e mostrados nos telejornais) no alto dos edifícios com suas piscinas ociosas; ou pessoas que, ignorando o problema (e outros seres humanos), criam mosquitos em seus vazinhos de plantas com água. Não percebe que terrenos abandonados ou mal cuidados não são exclusividades da Zona Norte ou Oeste ou Baixada. Deve planejar o que fala em sua sala climatizada e com tela nas janelas.

Além disso, existe outro fato: será que os turistas se concentram somente em Copacabana e Ipanema? E os tours pela Floresta da Tijuca e outros pontos turísticos. E os passeios por comunidades, que viraram moda.

Ele deveria calar a boca ou pelo menos pensar melhor antes dessas declaratices ignorantes e absurdas. Deveria fazer seu trabalho no sentido de orientar os turistas, informá-los sobre o problema de forma clara e objetiva, assim como promover um treinamento para que os profissionais de turismo estejam preparados (no âmbito de sua profissão e também pessoalmente) para esse problema.

É assim que a dengue se propaga: ignorância de uns, inércia de outros, [pré]conceitos de muitos. Com uma pitada de interesse e mau caratice dos mandatários de órgãos públicos.

Nenhum comentário:

A menina no mercado

Havia uma menina no mercado. Devia ter uns 12 anos. Talvez menos. Estava atrás de mim no caixa. Tinha dois pacotes de macarrão instantâneo n...