sábado, dezembro 17, 2011

Gentileza não gera gentileza

Triste constatação. Bons dias, boas tardes e boas noites ficam solitários, sem respostas. Quando muito respondidos com um resmungo, sem um olhar, sem sinceridade. Com licença e por favor, parecem ter se licenciado. A falta de desculpas ou perdões denota certa ausência de arrependimento, pelo menos aquele sincero. O como tem passado, como estás, tudo bem com você também estão escasseando, o que mostra que as pessoas parecem não mais se importarem umas com as outras.

Por vezes eu pensei que tudo isso se devia ao desenvolvimento tecnológico, que afastava ou diminuía o contato das pessoas. Mas o problema não é a tecnologia, são as pessoas. E tudo isso parece um ciclo vicioso, algo contagiante em sua perniciosidade. Como disse, triste.

No ônibus, com a implantação do bilhete eletrônico, raramente as pessoas cumprimentam ou mesmo olham o cobrador (presente ali, uma vez que boa parte das passagens é pagas em dinheiro). E o cobrador, por sua vez, parece preferir o isolamento. O mesmo ocorre com o condutor. Aliás, este último parece não se dar conta da importância de seu cargo, da responsabilidade em conduzir seres humanos. Por outro lado, os seres estão perdendo a humanidade. 

Essa falta de humanidade, de civilidade, esse afastamento se vê em várias outras situações. Na relação com os atendentes nos mercados, nos caixas, no elevador, nas portarias... e até mesmo dentro de nossas casas. 

Tudo isso fica ainda mais triste, mais difícil, eu diria ainda mais perturbador, quando a postura humana, civilizada, é considerada e tratada com estranheza ou mesmo com certa animosidade.

O profeta ficaria triste.

Bom dia, boa tarde, boa noite a todos.

O futuro do livro: papel ou chip

No último dia 14 de Dezembro estive na Academia Brasileira de Letras onde ocorreu o encerramento do Seminário “Brasil, brasis” de 2011, apresentando o tema “O futuro do livro: papel ou chip”, com a presença de Carlos Eduardo Ernanny e Silvio Meira, mesa sob coordenação geral do Acadêmico e Presidente da ABL Marcos Vinicios Vilaça e coordenação do Acadêmico Arnaldo Niskier. Confesso que não conhecia tanto Carlos Ernanny e sua Gato Sabido (pioneira no mercado de e-Books no Brasil) como o professor e cientista Silvio Meira.

O tema do seminário já foi abordado aqui no TUIST, na postagem Livros abertos, livros ligados

No seminário eu senti falta do debate, nos questionamentos do público. Ficou só na palestras e intervenções dos acadêmicos à mesa. De qualquer forma, farei alguns comentários sobre as falas de ambos os convidados.
 
Começarei pelo dono da Gato Sabido. A impressão que tive foi de uma abordagem muito comercial, mercadológica. Embora com algumas críticas e referências mais globais ao tema em questão. Mas o que ficou foi a relação livro digital x mercado. Silvio Meira, por sua vez, explanou de forma brilhante e com um toque de humor inteligente seu ponto de vista, embora talvez tenha focado, em determinado momento, o caráter prático, cômodo e até fantástico das novas tecnologias e sua integração com os diversos aspectos do cotidiano. Foi algo taxativo ao prever o fim do livro impresso em 15 anos.

Silvio fez uma relação muito interessante da literatura com a música. A evolução dos suportes de áudio foi relativamente rápida e, podemos até afirmar, definitiva. Hoje praticamente só precisamos de um player. O vinil virou CD que por sua vez virou MP3 que podemos acessar numa rede remota através da Internet, sem necessidade de armazenarmos localmente. É por esse tipo de transformação que o livro impresso pode passar. 

Um tema a meu ver indissociável ficou de fora. A preservação. Hoje pode-se ler um livro impresso há 500 anos. Não se pode afirmar que o novo formato terá a mesma duração. Ou melhor, não se pode afirmar que a informação estará acessível daqui há 500 anos. 

A questão dos direitos autorais também não foi abordada a fundo, apesar de uma provocação dos acadêmicos.

Um mercado em expansão para uma maravilha tecnológica. Este pode ser um resumo das falas. Penso que ainda temos muito que discutir sobre o futuro do livro. Papel ou chip? Bem, romantismos e modismos a parte, que o conteúdo do livro seja perene.

A menina no mercado

Havia uma menina no mercado. Devia ter uns 12 anos. Talvez menos. Estava atrás de mim no caixa. Tinha dois pacotes de macarrão instantâneo n...