quarta-feira, março 28, 2007

Declarações polêmicas (2)

Parece que resolvemos, de uma forma ou de outra, "tocar na ferida". As declações da Ministra da SEPPIR Matilde Riberto e do Vice-presidente Alencar, pelo visto, tiveram um resultado bom: a reflexão.

Agora pouco li uma matéria sobre o incêndio criminoso no alojamento de estudantes africanos na UnB. A notícia em si pode parecer algo sobre mais um crime fruto da rebeldia de alguns universitários, o que por si só já seria lamentável. Mas traz algumas questões relacionadas a declaração da Ministra que penso serem importantes. Além, é claro, de declaração do próprio reitor, Timothy Mulholland, quanto a questão racial na universidade e na sociedade.

Fatos e acontecimentos como esse, nas palavras do antropólogo João Batista Borges Pereira (USP), desmascaram a ilusão de uma democracia racial. Será que o Vice já leu meu blog?

A discussão é boa. A crítica é necessária. A reflexão é essencial. A ação é consequência. Lendo a matéria é sempre bom ver os comentários (coisa rara aqui no blog, não sei por quê). Nos comentários da matéria principal e das relacionadas, podemos ver que, pelo menos ali, as pessoas externam suas opiniões, angústias, suas revoltas, críticas. Ali, gritam o que silenciam no dia-a-dia. É uma leitura, no mínimo, interessante.

Caberia naquele espaço um link para a campanha Diálogos Contra o Racismo.


Declarações polêmicas

Ontem (terça-feira, 27) eu li uma matéria no Globo On-line e enviei a uma amiga com o seguinte comentário:

“Faz-se idéia de como a declaração será recebida. O Globo On-line já estampou e amanhã provavelmente haverá destaque maior no (jornal) impresso. Eu sou contra algumas posições ditas "radicais" que até já presenciei, por isso penso que tudo (antes de ser declarado) tem de ser pensado a nível mais amplo, ainda mais em se tratando de uma questão dessas, tão delicada, e discutida por uma pessoa naquela posição (a Ministra Matilde Ribeiro, do SEPPIR). Entendo perfeitamente a essência do que era para ser exposto pela Ministra como resposta a pergunta (da repórter da BBC), mas tenho quase certeza que a parte “…embora eu não esteja incitando isso.” “Não acho que seja uma coisa boa” não será levada em consideração. Prato cheio para a mídia e para discursos contrários a uma política tão importante.”

O comentário, apesar do que parece, não tem o propósito de defender a Ministra. Muito pelo contrário. O cargo exige que certas responsabilidades sejam assumidas, inclusive nas declarações.

Pois bem. A declaração polêmica foi amplamente divulgada, como não poderia deixar de ser, e minha previsão quanto às partes que não seriam valorizadas se confirmou. Mas isso é imprensa, faz parte. O leitor é que deve ter um olhar crítico e atento. Segundo a assessoria da Ministra, devido à polêmica gerada, não deverá haver comentários sobre o assunto.

Hoje outra figura de importância no Governo ousou fazer outra declaração, tentando talvez, defender a Ministra. Não deu certo e, penso, gera tanta polêmica quanto a declaração de ontem. Trata-se de nosso Vice-presidente, José Alencar. Muitos irão concordar com o diretor-presidente da Coteminas, pois declarações como essa eu já ouvi em sala de aula. Em suma, o racismo que existe (sim) no Brasil, foi substituído por “muitos preconceitos”. A declaração desse, que é um dos maiores industriais do Brasil, segundo o site G1 foi:

“Há alguns preconceitos ainda no país, mas o racismo realmente não existe” e “Temos que compreender que o Brasil é uma raça miscigenada. Nós temos que valorizar a raça miscigenada e temos que eliminar a idéia de que no Brasil haja preconceito. Mesmo que ainda haja”

Além de, defendendo a Ministra... “Ela mesma confessa que não quis dizer daquela forma. Eu conheço bem a Matilde e sei que ela é consciente. O que ela quis dizer não tem nada contra, naturalmente, os brancos”,

Que bom saber disso! No Brasil não há racismo. Então tudo que vejo, sinto, percebo, vivencio, é fruto de minha imaginação. E pelo visto milhares sofrem disso, uma imaginação coletiva. Todas as pesquisas e análises feitas por órgãos do próprio governo também são fantasiosas. As desigualdades e a exclusão são frutos de nossa imaginação. E a posição do negro na sociedade brasileira é uma escolha, pura e simples, do próprio negro. Os negros não querem participar de programas de televisão e comerciais. Também se recusam terminantemente a seguir nos estudos e, quando o fazem e se formam, tendo a mesma preparação de um não-negro, optam por ceder a vaga no mercado. Que coisa! Então eu estava totalmente errado?

Senhor Vice-presidente, o primeiro passo para mudar determinada situação e assumi-la. O SEPPIR foi e é secretaria de sua importância nesse sentido, pois mostra que o governo (o Estado) está assumindo determinada situação na sociedade e decidiu trabalhar para revertê-la, ou pelo menos tentar. A declaração da Ministra, em minha opinião, não ajudou muito nessa luta (pois é uma luta). E gostaria que ela refletisse mais antes de expor suas idéias. Mas sua declaração tira toda a importância da SEPPIR (a não ser que se torne um órgão para cuidar dos “muitos preconceitos”), além de contribuir para a manutenção de uma política de Estado e uma postura social encobridora de uma realidade que perdura há muito tempo no Brasil.

Obs.: Para àqueles com discurso intelectualizado de que “já está provado que o conceito de raça é falho”; “a biologia diz que raça é só uma” e “todos somos da raça humana”, estou ciente de tais pesquisas e de tais conceitos, porém, quando digo que existe racismo estou usando o conceito sociológico do termo.



Isso não é uma queda-de-braço!

sexta-feira, março 23, 2007

Como previsto

Quem pensou que o tal aumento autoconcedido dos senhores deputados não iria sair, se enganou. Saiu ontem, bem de manhãzinha e esse fim de semana eles já devem gastar por conta. Embora tenham estampado o percentual de pouco mais de 26%, o aumento real é bem maior, uma vez que esse percentual não considera as verbas de gabinete e outros benefícios.

É isso aí, enquanto a maior parte dos brasileiros sonha com alguns reais a mais no fim do mês, alguns brasileiros eleitos por essa maioria tem o privilégio de estipular o próprio salário.

O benefício se estende aos ministros, considerados heróis pelo senhor presidente, que também ganhou aumento. Enquanto isso os verdadeiros heróis brasileiros contam cada tostão de seus R$ 350,00 para poder sobreviver.

quarta-feira, março 21, 2007

Dia Internacional Contra a Discriminação Racial

"O que nos faz semelhantes ou mais humanos são as diferenças”
Nilma Lino Gomes



Segundo enciclopédia on-line Wikipédia… “No dia 21 de Março de 1960, ocorreu na cidade de Sharpeville, na província de Gauteng, na África do Sul, um protesto, realizado pelo Congresso Pan-Africano (PAC). O protesto pregava contra a Lei do Passe, que obrigava os negros da África do Sul a usarem um cartão, no qual estava escrito a onde eles podiam e deviam ir”…
…“Cerca de cinco mil manifestantes reuniram-se em Sharpeville, uma cidade negra nos arredores de Johannesburg, e marcharam calmamente, num protesto pacífico. A polícia sul-africana conteve o protesto com rajadas de metrelhadora. Morreram 69 negros, e cerca de 180 ficaram feridos”.

Esse triste evento chamou pela primeira vez atenção da opinião pública internacional para a questão do Apartheid e os horrores que esse regime promovia na África do Sul. Por iniciativa da ONU, a partir de então, em todo 21 de março seria comemorado o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial. Apesar dos avanços, os resquícios desse regime de segregação racial são notados ainda hoje naquele país. Ainda há um abismo social separando negros e brancos.

No Brasil, país onde alguns ainda insistem em afirmar que não há racismo, as diferenças também existem. A diversidade de nosso país é “vendida” internacionalmente como característica positiva de uma nação (o que é com certeza), porém não é “engolida” por muitos aqui. A cada olhar, a cada tratamento “diferenciado” em estabelecimentos comerciais, a cada pesquisa mostrando as diferenças salariais, outras relatando que alguns médicos não tocam em pacientes negras, a cada comentário depreciativo, a cada termo de conotação racista incorporado ao idioma… vemos que entre o 13 de Maio de 1888 e liberdade ficou faltando muita coisa, dentre elas integração, respeito e igualdade. Mas parece que igualdade e diversidade são duas palavras antagônicas em nossa sociedade.

Esse 21 de Março, assim como outras datas “comemorativas”, é simbólico. Mas é válido para reflexão. Espero que as reflexões cheguem a conclusões. E que as óbvias conclusões façam surgir ações, atitudes e mudanças.

"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua
pele, por sua origem ou ainda por sua religião.
Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se podem
aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”.
Nelson Mandela
“Socialismo etílico”


Essa é pra quem gosta de um bom Butiquim (a grafia que gosto é essa mesmo e o B maiúsculo é por respeito). O sensacional site Porta Curtas traz o documentário Papo de Botequim, feito pelo pessoal da UFF. É um documentário simples, mas ao mesmo tempo consegue transmitir toda a complexidade da cultura do Butiquim no Rio de Janeiro. Não esperem ver os tão cobiçados Pés Limpos, que se reproduzem pela Lapa e Zona Sul. São botecos de esquina (ou não) pouco conhecidos. Ah, e no melhor estilo Pé Sujo.

As figuras são pessoas normais. Freqüentadores eventuais e assíduos dessas verdadeiras instituições cariocas. Um deles se destaca, em minha opinião. É esse da foto. Trata-se, pelo que pude perceber, de um jornalista, bêbado assumido, flamenguista, que perdeu o celular na noite anterior ao sair um tanto torto do estabelecimento e recentemente se separou da mulher. É um verdadeiro filósofo que dá vontade de conhecer pessoalmente. É dele a expressão “Socialismo etílico” quando discorre sobre o espaço democrático e sem divisão de classe que é o Butiquim, além, é claro, da frase “todo bêbado é um naturalista” ao comentar sobre as propriedades nutricionais da cachaça e da cerveja. Tem também a senhora de casaco vermelho e o casal feliz. Só vendo. Vale a pena.

Assistam clicando aqui.

segunda-feira, março 19, 2007

Incoerências

Sim, a meu ver existem muitas incoerências nas políticas sociais. Algumas bem intencionadas. Mas outras parecem fugir por completo à realidade. Verdadeiras viagens politiqueiras. E isso não é somente na política. É só olhar ao redor que vocês verão coisas surpreendentes e curiosas, como antena de TV Digital via satélite em barracos (isso eu já vi, numa comunidade atrás da Central do Brasil, aqui no Rio). O consumismo faz dessas coisas. Uísque doze anos em copo de plástico, pessoas com carro e sem grana para o combustível, casas lindas com geladeiras vazias, roupas de grife cobrindo corpos maltratados. Como diz a música: “alguma coisa está fora da ordem”. Talvez eu seja que esteja fora da ordem… sei lá!

Nosso presidente reeleito reafirma o plano de desenvolvimento da educação, com uma série de medidas importantes, sem dúvida. Dentre elas o aumento no piso salarial do professor, que ainda será aquém do que a categoria merece; a reciclagem (lembrando que, como disse uma vez, o ideal é que isto parta do profissional, mas penso que o Estado deve sim criar condições); construção de creches, bolsas para o pós-doutorado como incentivo à manutenção dos doutores no Brasil; dentre outras. Mas uma medida que me chamou atenção, até pela forma como foi apresentada é a promessa de levar internet banda-larga a todas as escolas públicas, com o Presidente reafirmou hoje no programa Café com o Presidente. Leia aqui ou aqui.

Acesso à Internet hoje é condição essencial para que um cidadão esteja inserido na sociedade, para que participe. É necessário estar on-line para uma série de coisas. A internet como mecanismo de democratização da informação e exercício da cidadania veio para ficar, isto é fato. Mas penso que, antes de levar a internet a todas as escolas públicas brasileiras, seria interessante levar: professores e profissionais de apoio educacional; estrutura (carteiras, água, merenda escolar, material básico de aprendizagem e ensino, material de higiene e limpeza); segurança, porque não adianta uma criança ir para a escola e levar um tiro enquanto “brinca na internet”; é preciso que a escola pública esteja integrada com a sociedade; é preciso que a escola pública seja um ambiente onde educação e cultura seja levada a sério.

O que não pode é cobrir uma mesa suja, torta e esburacada, com uma toalha do mais impecável linho branco para fique apresentável aos olhos de alguns.

domingo, março 18, 2007

Solução(?) fácil

Uma vez ouvi uma frase muito interessante na TV. Infelizmente não lembro o autor. A frase era a seguinte: “Por que aprofundar se na superfície tudo anda mais rápido”. O contexto era psicológico/psicanalítico, mas parece que o Governo está seguindo esse princípio na área social.

Saiu ontem no O Globo, “Família de menor infrator vai receber bolsa”. Essa bolsa será do programa federal Bolsa Família. Isso como outra medida do Governo do Estado para “sanear os problemas das unidades de internação de menores infratores”. Então o lance é, basicamente, grana? Espero que essa visão do Governo do Estado do Rio de Janeiro se torne bem mais abrangente. Falam em reestruturar famílias com uma bolsa que varia de R$ 15 a R$ 95 mensais, conforme o nível de pobreza (essa é demais). Será mesmo que só isso basta? Penso que não. Um programa que visa reestruturar famílias, desestruturadas por décadas de história de exclusão e políticas públicas que, no fundo, não visam o público/povo, deve ser bem mais ousado, inteligente e responsável, que dar uma mesada e falar: Olha pais/mães, isso aqui é para que vocês não deixem mais seu filho nos incomodar. Fiquem de olho nesse moleque. Ah, e também serve para que vocês fiquem bem unidos, como toda família deve ser.

quinta-feira, março 15, 2007

Curtinhas nº 1

Dengue. A questão da dengue no Rio de Janeiro vem sendo discutida nos últimos dias (bem apocalíptico, não acham?) pelas “autoridades” (sempre entre aspas) e a sociedade (as três: a alienada, a não-alienada e a alienável). Mas infelizmente mais e mais pessoas com dengue engrossam as estatísticas de contágio. O que chama a atenção é a preocupação não com os moradores do Rio, mas sim com o evento tão aguardado: o PAN.
Curtinhas nº 2

Mais dengue. Qual a relação do PDBG (Programa de Despoluição da Baía de Guanabara) com a dengue? Quem der uma olhada nas obras logo verá. Aqueles buracos (na Av. Rio Branco, na Rodrigues Alves, etc.) estão sempre cheios d’água… parada como as obras.
Curtinhas nº 3

Olha a Rússia aí gente! O Putin parece criança mimada. Não aceita crítica e quer fazer o que bem entende. Só que ele não é nenhuma criança e por isso deveria ser levado mais á sério por todos. Aquele lance do envenenamento de seu crítico e ex-espião em Londres causou muito alvoroço mais parece que foi minimizado por muitos. Agora ele criou uma agência para “regular” a mídia russa, abrangendo a internet e até os colegas blogueiros daquele país. Está começando a mostrar a que veio.
Curtinhas nº 4

Quem achou que a pressão (sic) da sociedade e a questão “novíssima” da violência, com crimes hediondos corriqueiros, iriam fazer com que os deputados focassem seu trabalha (sic) na busca de uma solução ou amenização para o problema, deixando de lado o tão criticado aumento salarial (deles)? Pois é, quem respondeu sim que fique esperando Papai Noel e Coelhinho da Páscoa. Essa semana ele voltaram a trabalhar no sentido de ter aumento de salário (já que ganham tão pouco para fazer tanto pelo povo) e de sua inseparável verba de gabinete, porque ninguém é de ferro.

Emprego dos sonhos

Imagine só isso: você presta um concurso onde a prova é a aprovação de algumas pessoas. Você até pode enganá-las para ter vantagem. Faz parte do jogo. Você então passa e toma posse com toda pompa. Assumido o emprego, você pode esquecer aquelas pessoas que você provavelmente enganou para estar ali. Elas não importam mais, mas isso também faz parte do jogo. Ah, a carga horária é baixíssima e se precisar faltar, nos poucos dias que deve ir ao trabalho, tudo bem, o patrão não reclama. E se reclamar, dana-se ele! O salário é bem legal, bem acima da média do que aquelas pessoas que você enganou ganham. Mas se você achar que é pouco, que não é justo, é só combinar com seus colegas de trabalho de quanto será o aumento. Outra coisa: você também pode convidar os amigos e familiares para trabalhar junto com você, pois terá um dinheirinho a mais para custear suas atribuições que poderão requerer ajuda. Esse “plus a mais” chama-se verba de gabinete. Além disso, você ainda ganha uma grana para comprar aquela roupa maneira, tem um apartamento (mais provavelmente você não vai usar), carro com motorista, dentre outros justos benefícios. Requisitos básicos? Que eu saiba não precisa nem Ensino Fundamental. O trabalho (sic) não requer tanto. É isso aí: seja um Deputado!
Semântica. “Semântica é o estudo do significado, isto é a ciência das significações, com os problemas suscitados sobre o significado…” - Maria Lucia Mexias Simon (Semântica e Pragmática) no site do CiFEFiL.

“Essa é uma questão na qual temos que mudar a semântica. Essa questão tem que ser tratada com uma semântica clara, não é reajuste, é correção da inflação” – Deputado Nárcio Rodrigues (PP-PI) segundo reportagem de Isabel Braga no O Globo.

Deveríamos mandar essa também.

Senhores deputados, senhores senadores, senhores ministros, senhor presidente, querido patrão, não requeremos aumento ou reajuste, isso é uma questão de semântica. O que realmente queremos é a correção da inflação.
Assinado: O povo brasileiro

Será que pegaria?

quinta-feira, março 08, 2007

Dúvidas
Tenho poucas certezas e muitas dúvidas. As questões que se apresentam ultimamente aumentam essa minha inquietação. As perguntas são tantas que por vezes me perco. Provavelmente tenho lido pouco e me interado menos ainda nos assuntos da atualidade para que tenha tanta dificuldade em compreendê-los. Só pode ser isso. Algumas de dúvidas são:

1 – O Bushinho chega hoje e o aparato para assegurar a integridade física desta pessoa é impressionante. Conta com o nosso Exército, nossa Polícia Civil, nossa Polícia Militar, nossa Polícia Federal, nossos veículos, atiradores de elite, cavalos, armamentos… nossos melhores recursos em termos de segurança. Logo, temos tudo isso! A pergunta é: como chegamos a um nível de insegurança tão grande tendo recursos para que isso não seja tão gritante? Será que tudo fica guardado para recepcionar visitantes “ilustres”?

2 – Dentre outras coisas, Bushinho irá conversar com nossos representantes sobre Biocombustível. O negócio está se complicando no Oriente Médio; a relação com a Venezuela não é das melhores; as reservas americanas não darão conta; o mundo está pedindo socorro; os EUA precisam melhorar sua imagem internacionalmente: Biocombustível. Diminui a dependência do Petróleo do mundo árabe e da Venezuela; mantêm em uma relativa segurança as reservas americanas (em solo americano) e melhora a imagem do país Bushista perante o mundo (será?) com uma diminuição da emissão de CO2 na atmosfera compartilhada por todos nós (independente de religião, origem, situação social, país, partido político, time, etc.). Grande estratégia! Mas o que mais me incomoda não é exatamente o provável interesse por trás dessa visita, e sim a questão do Biocombustível em si.

a) Qual seria o impacto no meio ambiente com uma adoção maciça de plantações voltadas para a produção do biodiesel? Vejam a questão da soja, por exemplo. Devastações de mata nativa para sua plantação, latifúndio, especulação, conflitos. Ok, o biocombustível pode ser produzido mesmo a partir da grama, como mostra reportagem da Folha Online, mas o que mais vejo comentar é sua produção através do milho, da cana-de-açúcar, soja e outros alimentos.

b) Alimentos virando combustível? Caramba, milhões de pessoas passam fome no mundo e se discute um meio de fazer um carro, que essas mesmas pessoas não podem comprar, se mova usando parte do alimento a que essas pessoas não têm acesso. É isso mesmo ou estou enganado?

c) Muitas guerras no Mundo são causadas, também, pela indiferença de um povo para com outro, pelas injustiças sociais, pelo desrespeito às diferenças e a diversidade, pela banalização da vida e do direito a vida. Ao mesmo tempo se fala muito em desenvolvimento sustentável, onde as pessoas seriam beneficiadas por um crescimento local (o econômico sendo acompanhado pelo social) e respeitando o meio em que vivem para que o recurso não se esgote. O Mundo perfeito, o paraíso. Será que quando se fala em adotar o biocombustível se discute ou se pensa realmente em desenvolvimento sustentável? Ou é apenas mais uma forma de exploração irracional, com o Petróleo foi (e é) durante tanto tempo?

d) Com tantas pesquisas e projetos (muitos já realidade) para adoção de hidrogênio e energia solar nos carros, por que cargas d’água isso não vai adiante? “No lugar do gás carbônico (CO2), as emissões do carro ‘alternativo’ movido a hidrogênio não passam de vapor de água”.

3 – Parece que a Câmara e o Senado resolveram se coçar. Alguns projetos estão sendo votados esses dias com relação à segurança pública, como mostra reportagem do Estado. Um deles sobre a questão do uso de celular nos presídios. Até então, pelo que li, não havia punição para o uso de celular na cadeia. Outra questão é com relação à progressão de pena. Até então, se um ladrão fosse preso por roubar a galinha do vizinho e outro por incinerar seres humanos dentro de um ônibus, ambos tinha o direito de pedir progressão e cumprir apenas 1/6 da pena, indo para o regime semi-aberto (de dia eles andavam pelas ruas como todo cidadão e à noite iam dormir na cadeia à custa do dinheiro público – do meu, do seu, do nosso). Por que só agora?

É, meus caros 3 leitores, esse blogueiro tem mais questões que respostas, mais dúvidas que certezas. E vocês? Têm respostas para essas questões?

segunda-feira, março 05, 2007

Expressão Cruel

Em tempos de previsões cataclísmicas, com aquecimento global, guerras, e outros produtos das ações humanas, são cruéis expressões marketeiras "equipamento de última geração", "tecnologia de última geração".

Hoje em dia essas expressões, empregadas para realçar a capacidade e valor de um equipamento/recurso tecnológico, ganha uma conotação um tanto triste. Será mesmo que aquele MP3 ou aquele micro incrementado é de "última geração"?

Apesar de meu pessimismo eu prefiro evitar essas expressões apocalípticas.
Começou!

Passado o carnaval, podemos dizer que começou 2007. Finalmente! Ano novo, perspectivas velhas: paz, emprego legal, rumo nos estudos, saúde, grana, sanidade. Essa última é difícil manter nos dias de hoje, mas não custa nada incluí-la nos desejos.


Minha Beija-Flor levou mais um título, para desespero de muitos. Lamento. Não torço para nenhum time, mas, em se tratanto de GRES, eu fico com a Azul e Branco de Nilópolis. E sem mais comentários nesse sentido!


Parece que também começaram os trabalhos no congresso e isso é prato cheio para qualquer blogueiro. Temos lá Maluf, Clodovil e muitos outros "servidores concursados". Nesse início de mais uma legislatura, com o peso de apresentar um solução, se não um caminho, para a escalada de violência que nos atinge, eles estão mais preocupados com a verba partidária. Seguindo uma previsão do jornalista Alexandre Garcia, o alvoroço com a questão da redução da maioridade penal (trazida à tona com a morte do menino João Hélio) ficou para depois.


Esse 2007 começou complicado mesmo. Já ocorreram vários crimes hediondos, bárbaros, brutais, a sociedade já se chocou várias vezes, muitas manifestações já foram feitas e o ano ainda está iniciando. E "eles" lá, discutindo verba e fidelidade partidária. Já os eleitores vêem sua verba mensal (poder de compra) diminuir. Quanto a fidelidade dos eleitos: esqueçam! Pelo visto nada mudou.

A menina no mercado

Havia uma menina no mercado. Devia ter uns 12 anos. Talvez menos. Estava atrás de mim no caixa. Tinha dois pacotes de macarrão instantâneo n...