Quero conversar, expor, externar, bater um papo, levar um lero, trocar uma ideia. Com quem? Com você, com ninguém, com o divino, com o profano, com o justo, com o injusto, com o tudo e com o nada, comigo mesmo. Como? Com palavras, com imagens, com sons, com silêncios, com conhecimento, com ignorância, com paixão ou neutralidade, com amor ou ódio, com alegria ou tristeza, como eu quiser ou puder. Quando? Talvez agora, ou daqui a pouco, ou nunca, ou sempre. Sobre o quê? Sobre nada... ou TUDO!
domingo, dezembro 30, 2007
segunda-feira, dezembro 24, 2007
... e o que você fez?". Esse verso se tornou, para mim, o marco inicial das festas de fim de ano. É uma música cantada pela Simone, que comento em tom de brincadeira, e costumo dizer que os preparativos para o Natal só começam quando ela toca nas rádios. Este ano não a ouvi, mas deve ter tocado. É tradição. É simbólico como a data, contestada por estudiosos, em que se convencionou comemorar o nascimento de Jesus Cristo. Mas tradição é tradição. É como brindar antes da cerveja. Mantemos isso e seguir em frente.
Natal. Natividade. Nascimento. Esperança. A expectativa de salvação da humanidade com o nascimento de Alguém que veio para fazer o bem. Logo, comemora-se o início dessa esperança, seu nascimento. Difícil encontrar relação com as longas filas dos centros de compras, da euforia nos preparativos que incluem, no caso dos mais afortunados financeiramente, uma ceia grandiosa, regada à muita bebida (com e sem Álcool). Mas tudo bem. Isso parece ter se enraizado e a única esperança que se tem é que a ceia agrade aos convidados, a cerveja esteja gelada e não falte, os presentes e a festa não sejam criticados. Mais humano impossível. Ho, Ho, Ho...
Feliz Natal Salamatu Sankoh. Feliz Natal e Boa Sorte à todos!
Simone - Entao É Natal
Então é natal, e o que você fez?
O ano termina, e nasce outra vez.
Então é natal, a festa Cristã.
Do velho e do novo, do amor como um todo.
Então bom natal, e um ano novo também.
Que seja feliz quem, souber o que é o bem.
Então é natal, pro enfermo e pro são.
Pro rico e pro pobre, num só coração.
Então bom natal, pro branco e pro negro.
Amarelo e vermelho, pra paz afinal.
Então bom natal, e um ano novo também.
Que seja feliz quem, souber o que é o bem.
Então é natal, e o que a gente fez?
O ano termina, e começa outra vez.
E entao é natal, a festa Cristã.
Do velho e do novo, o amor como um todo.
Então bom natal, e um ano novo também.
Que seja feliz quem, souber o que é o bem.
Harehama, Há quem ama.
Harehama, ha...
Então é natal, e o que você fez?
O ano termina, e nasce outra vez.
Hiroshima, Nagasaki, Mururoa ...
domingo, dezembro 23, 2007
will always glorify the hunter- African proverb
Até que os leões contem suas histórias, os contos de
caça glorificarão sempre, o caçado - Provérbio Africa
"Is foolish to let your oppressor tell you that you should
forget about the oppression that they inflicted on you"
É tolo deixar o opressor lhe dizer que você
deve esquecer a opressão que ele lhe infligiu.
M.K. Asante, Jr.
Filmed in over twenty countries and on five continents, 500 Years Later is a compelling journey, infused with the spirit and music of liberation, that chronicles the struggle of a people from enslavement who continue to fight for the most essential human right - freedom.
500 Years Later, is an epic multi-award winning documentary directed by Owen 'Alik Shahadah.
Eis um filme que quero assistir.
sexta-feira, dezembro 21, 2007
quinta-feira, dezembro 20, 2007
terça-feira, dezembro 18, 2007
A história de um continente e seu povo. Começou a ser rodado em 2004 e está previsto para 2009. Pelo pouco que li e pelo vídeo, promete ser um filme muito interessante, tendo o continente Africano como tema central. História e cultura do berço da humanidade. Mãe África. Espero que fique disponível aqui no Brasil.
Fonte: Motherland - The Official Film Site
sexta-feira, dezembro 14, 2007
Click here and read the article by Emily Dugan.
quinta-feira, dezembro 13, 2007
A cada dia a humanidade se mostra mais desumana. Apresentam como desculpa, por vezes, as diferenças raciais, étnicas, culturais, sociais. Algumas vezes a desculpa é a religião. Em outras é a economia. O Petróleo. A Política externa. Algumas vezes até a PAZ surge como pretexto para a Guerra. Incoerência total. Uma das mais recentes demonstrações de tudo isso aconteceu na Argélia, com mais um atentado atribuído à Al-Qaeda. Também reforçado com a invasão e ocupação do Iraque pelos EUA, com seu Bush fazendo sua política externa de m. Temos as FARC mantendo reféns há anos. Dizem lutar por uma causa. Qual a causa que justifica o seqüestro de pessoas, algumas crianças. Qual a causa que justifica subjugar um povo, implodir prédios, residências, assassinando seres humanos aos milhares, jogando bombas para todos os lados. Onde está a nobreza nisso tudo? Isso é Humano?
A verdade é que todos fazemos parte do mesmo barco, embora poucos se deêm conta desse fato. Alguns insistem em tentar afundar o barco a qualquer custo. E, por falar em custo, o dinheiro está sempre envolvido. Uma infelicidade.
Mas... estava eu ouvindo um CD do Zeca e uma das músicas me lembrou disso tudo. Mais uma vez o Samba dá a lição. Cliquem no play abaixo e ouçam a música Pra Gente Se Amar.
Zeca Pagodinho
Composição: Cruz/Marques/Maurição
Olha aquela estrela no céu
Olha aquela estrela no céu
Olha aquela onda no mar
Olha aquela onda no mar
Foi Deus que criou
Foi Deus que criou
Pra gente se amar
Pra gente se amar... olha aquela estrela
A mesma paz que eu peço pra Deus e a Oxalá
É a paz que está escrita no velho Alcorão de Alá
A liberdade é sagrada e é desejada até pelos ateus
Mas quando a fé se renova
É a prova da própria existência de Deus
Chega de teleguiados cruzando o céu azul
Que o amor oriente o mundo de norte a sul
Tratem direito os humanos
Sejam africanos, cristãos ou judeus
Pois nunca foi a violência
A prova da própria existência de Deus
quarta-feira, dezembro 12, 2007
Tem coisas que tomam maior dimensão quando nos são ditas por pessoas fora de nosso ciclo de relacionamento. Da mesma forma, algumas notícias ganham força quando sua veiculação se dá de forma mais ampla, com maior alcance. Se aparece em outro idioma, em publicações de certo prestígio de outros países, a coisa toma proporções bem maiores. Alguns reclamam, insistindo que o texto por vezes carrega opinião pré-concebida; como por exemplo, um texto sobre o continente Africano ou Sul-Americano redigido por um Europeu ou norte-americano. Mas, deixando de lado o preconceito, cuja existência não podemos negar, devemos lembrar que a “visão de fora” nos permite analisar uma situação de outra forma, ou, como é neste caso, não esquecer e dar mais importância.
A edição on-line do The New York Times de hoje traz uma reportagem sobre o absurdo que ocorreu numa cadeia do Pará, onde uma menor foi mantida durante semanas numa cela com 20 homens, sendo estuprada e torturada. A matéria fala em 34 homens. Exagero? Verdade? O que li em jornais brasileiros fala em 20, mas a diferença não diminui a crueldade. O texto, de Alexei Barrionuevo, traz ainda um aspecto pouco comentado sobre o caso: tantas pessoas tiveram a oportunidade de ajudar a menor e nada fizeram. Realmente, o número de culpados e omissos é grande. Ministério Público, Juíza, policiais, carcereiros e tantos outros que tinham conhecimento do caso.
Barrionuevo faz uma relação com o clima de impunidade que existe no país. A tortura é institucionalizada, sem punição para os torturadores. Coisa que vem desde o período da ditadura, somada aos 300 anos de escravidão no Brasil. É bem interessante a associação. Parece normal torturar. Parece, tristemente, natural não punir os torturadores.
Tenho certeza que a matéria despertará certa raiva em muitas pessoas. É claro, se é um equipamento de alta tecnologia ou um enlatado que vem da terra de Tio Sam, abraçamos com gosto, mas se é crítica contra o jeitinho como as coisas são “levadas” por aqui, aí é arrogância daqueles ianques safados. Bem, a matéria deveria sim despertar a já escassa vergonha na cara daqueles que deveriam fazer seu trabalho para coibir práticas abusivas e desumanas, que deveriam gerenciar o dinheiro público (cobrado e pago regularmente, senão a justiça se faz presente) para prevenir situações repugnantes e tristes, dando educação em primeiro lugar e, na outra ponta, garantindo que presídios não se tornem depósitos de animais.
No Pará cometeu-se pelo menos dois crimes graves: encarceramento de menor em cadeia para maior e o uso de celas compartilhadas para homens e mulheres. Enquanto isso, estamos vendo mais uma vez a tentativa de uso de uma fórmula mágica para diminuir a violência: a redução da maioridade penal. Está em votação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que poderá convocar plebiscito para decidir. 14, 15, 16 anos. É mais fácil adaptar a situação existente do que corrigir a falha. Se não conseguem impedir injustiças como “jogar” uma menor de 15 anos numa cela com 20 (ou 34) homens, transforma-se a menor em maior e, de quebra, reduz-se o número de crimes (cometidos pelo Estado) pela metade.
terça-feira, dezembro 04, 2007
Largando o osso
Medo, pavor, pânico
Nananina…NO
Parece que na Alemanha uma turminha não se desapega da escrotidão comandada pelo bigodinho. Essa patotinha, minoria, mas cheia de idéias grandiosamente idiotas, têm atacado de forma covarde comunidades judaicas, além de imigrantes de diversas origens, como indianos e iraquianos. Ah, também não esquecem os africanos de diversos países.
Em Agosto, um grupo de 50 integrantes da turminha escrota atacou oito indianos. E a covardia não termina. Recentemente uma mulher iraquiana foi hospitalizada após ser agredida num ônibus. Isso só já é triste e revoltante. Acrescente o fato de a mulher estar grávida.
Os escrotinhos de extrema direita gritam palavras “de ordem” contra os imigrantes. Fazem sempre ataques estando em maioria e, para manter a postura covarde, fogem da polícia. Isso quando, estando em grande maioria, não resolvem agredir seus conterrâneos.
Interessante que aqui no Brasil também existem escrotinhos como esses. Vez por outra um de seus atos merece destaque na mídia, o que não quer dizer que aconteçam mais vezes. Tão covardes quanto os seus similares europeus.
Lá, alguns dizem que a justiça está sendo leniente com os criminosos. Até agora, pelo que li, apenas um escrotinho foi condenado. A pena foi de 600 euros a serem doados para uma instituição de caridade.
Como esses idiotas muitas vezes têm grana e costas quentes, isso fica fácil. E o caminho está livre para que saiam às ruas cometendo mais covardias.
Fontes (Artigos no Spiegel Online)
Sentence in Racist Attack Slammed for Leniency
Pregnant Woman Hospitalized in Racist Attack
A horrenda história da menor que ficou detida numa cela com 20 homens, como não poderia deixar de ser, ganhou bastante atenção de todos. Não sei qual foi o crime desta menina, mas o que o Estado cometeu eu considero hediondo. Foi uma séria de falhas terríveis, por parte de juízes, policiais e delegados (será que algum deles têm filha?). Mentira e desrespeito a vida, a pessoa, ao ser humano. Ainda tentaram justificar, culpando a vítima de “possível debilidade mental”. Houve pronunciamento tardio da ministra Nilcea Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres – SPM e também do presidente Luiz da Silva. Mas falaram. Talvez devessem ficar mais atentos. Li, por exemplo, que em algumas cadeias do Rio, quem revista as mulheres são policiais homens. Talvez isso aconteça em outras partes do país. O fato de mulheres e homens dividirem cela parece ser corriqueiro. Longe da “ficção” como o presidente disse parecer. É real e cruel.
Ouvi ou li que iriam derrubar a delegacia onde a barbaridade ocorreu. Uma boa forma de apagar um erro. Destruindo um dos lugares onde o erro ocorreu. Isso mesmo, um dos, pois o erro (crime, barbárie) não foi apenas na delegacia. Ocorreu, também, nos órgão da Justiça (sic) por onde tramitou o caso, que viria a tona por denuncia de um dos presos.
Parece que derrubar virou moda para apagar certas mancadas. Algo parecido ocorre na Bahia, após a tragédia que vitimou sete pessoas. Tragédia anunciada. Havia laudo apontando problemas estruturais. Crianças do colégio que funciona ali reportaram queda de reboco. Mas quem freqüenta camarote não liga para arquibancada. Agora basta demolir, construir um estádio lindo que servirá para a Copa de 2014 (além de enriquecer algum empreiteiro e seu apadrinhado político) e esquecer, não só a tragédia, mas também os erros, a negligência, o desrespeito o desserviço público.
segunda-feira, dezembro 03, 2007
Há pouco mais de duas semanas uma professora britânica foi condenada à 15 dias de prisão. Isso inicialmente, pois, segundo as leis do país onde ocorreu o “crime”, a sentença poderia ter chegado a um ano de cadeia, quarenta chibatadas ou, como alguns exigiram nas ruas, a morte.
de Steve Bloomfield para o jornal Independent.
quarta-feira, novembro 28, 2007
terça-feira, novembro 27, 2007
Há algumas semanas eu ouvi ou li um comentário sobre manifestações racistas no programa do Jô. Pensei: tanta coisa acontecendo nesses dias que precedem o feriado de Zumbi e Semana/Dia da Consciência Negra… Essa é mais uma, talvez invenção ou paranóia. Não procurei me inteirar e ignorei o assunto.
Hoje pela manhã, ao ler a Folha Online, me deparo com a seguinte matéria: Ministério Público Federal investiga programa de Jô Soares. Bastou para relembrar o ‘boato’ e ter a curiosidade aguçada. Com isso, fui eu pesquisar, começando pela leitura da matéria que comenta sobre a suposta manifestação de preconceito no programa exibido em 18 de junho deste ano (quanto tempo!) que traz uma entrevista com um tal de Ruy Moraes e Castro. A matéria traz um link para o vídeo da entrevista, disponível no YouTube (viva a democratização!).
Confesso que assisti ao vídeo estando um tanto tenso com as acusações que estão sendo investigadas pelo MPF. Mas tentei perceber o que se passava. Primeiramente lembrando que o Jô Soares é um comediante e, mesmo em entrevistas com teor, digamos, sério, ele sempre irá adicionar uma pitada de humor. Isso é natural e esperado. E, é claro, a reação da platéia está em sintonia com as palavras e “atuação” do apresentador. Mas natural ainda.
Mas, mesmo tendo isso em mente, não fiquei contente com o que vi. Esse Ruy Castro, que até tem livros publicados, embora tenha descoberto agora, apresenta aspectos culturais de determinadas tribos africanas de forma jocosa e algumas vezes desrespeitosa. Discorre sobre questões de extrema seriedade, como a mutilação genital feminina – MGF –, tão combatida e criticada internacionalmente. Esse aspecto assustador da cultura de algumas tribos da áfrica eu tomei conhecimento através de uma entrevista com a modelo Waris Dirie, que li há muitos anos (Revista Reader’s Digest, acho que de 1999, quando era assinante). Fiquei bastante chocado, da mesma forma quando soube, recentemente, que em certas tribos brasileiras, crianças que nascem com deformações ou mesmo gêmeos, são sacrificadas. Cultura que, quando comparada com a dominante, se torna o que há de mais cruel. Eu considero atrocidades ambas as manifestações, pois meu referencial não é o mesmo. Assim como vejo barbárie nas ações de guerra, nos conflitos diversos onde mulheres são estupradas sistematicamente, pessoas mortas a esmo, crianças usadas como soldados, as bombas atômicas, as políticas que perpetuam a fome de muitos em prol do enriquecimento de alguns, índios e moradores de rua sendo queimados (a propósito, ocorreu novamente).
Mas continuando. Ruy Castro também aborda a sexualidade das mulheres daquelas tribos, fazendo uma associação a meu ver sem embasamento algum (quem sabe alguém me apresenta pesquisa sobre o assunto), entre o penteado e o órgão e comportamento sexual daquelas mulheres. Muitos risos, muitas opiniões controvertidas com imagens sendo exibidas. Algumas daquelas fotos eu já tinha visto, num blog de um angolano que criou uma sessão “Medusas de Angola” como forma de demonstrar, através dos penteados, a diversidade cultural daquela região. Espero conseguir a opinião daquele e de outros blogueiros africanos sobre o caso.
E se não bastasse a forma como a entrevista foi conduzida (como disse, já esperada) e a maneira Ruy Castro expõe seu “trabalho”, o entrevistado, abordando algumas tribos ao Sul Angola, indica uma região que teria fronteira com a África do Sul. Com isso, além da falta de respeito ao tratar de culturas exóticas aos “civilizados de cultura desenvolvida”, ele demonstra sua ignorância geográfica.
Li alguns comentários em sites que exibem manifestações contra o programa, algumas até com petições, repudiando o conteúdo do programa e exigindo retratação - inclusive um site de notícias Português comenta que houve manifestação da embaixada de Angola no Brasil. Mas os comentários, muitos, ilustram o pensamento de que, os que condenam declarações e atitudes racistas ou de cunho preconceituoso com determinada cultura, são “hipócritas neuróticos de baixa estima” com “complexo de inferioridade latente”, como li num site.
As pessoas que usam essas expressões, que pensam assim, ao tentar defender uma posição e amenizar algo que foi tido por outros como insultante ao ser exibido em cadeia nacional, expressam seu próprio preconceito, sua própria intolerância quando o assunto não é de seu interesse direto. Também externam certo grau de medo. Afinal, alguém não está aprovando algo que o fazia rir.
E a essência disso tudo, me referindo ao assunto do programa, é uma: Cultura. As mulheres daquelas comunidades usam um penteado que, a nossos olhos, é mais que exótico, da mesma forma como devem considerar ao ver os “penteados da moda” a que nos acostumamos. Cultura. Mesmo a questão da mutilação genital, a meu ver, assunto que suscita um embate cultural maior e mais importante que o penteado tão comentado no programa, é uma questão cultural, de crença. Repito, não defendo a MGF, assim como abomino o sacrifício de recém-nascidos. Intolerância minha? Não creio. Simplesmente não é, e nunca foi, meu referencial.
Com relação ao programa do Jô, continuo considerando um bom programa, com aspectos positivos e negativos. Não afirmo que houve ou não manifestação racista. O que eu vi foi: desrespeito, preconceito, desperdício de tempo e, certamente, ignorância [expressa e sendo propagada]. Quatro coisas infelizmente comuns na televisão e que não deveriam se repetir. Até porque, embora seja aberta, alguém pagou para que aquilo fosse veiculado. E não se enganem, não foi a Globo nem seus anunciantes.
Dica de leitura:
domingo, novembro 25, 2007
Comentário breve sobre reportagem exibida a pouco no Fantástico. Título no site, Símbolo do Desmatamento. A matéria é sobre um projeto do Greenpeace que retira um tronco de uma árvore derrubada na Amazônia para que seja exibida no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília (onde os grandes madeireiros fazem seu lobby). A primeira tentativa, na cidade de Castelo dos Sonhos, Pará, em 16 de outubro de 2007, a equipe passou por situação complicada com pressão de madeireiros. Intimidação sem retoques.
Mas o que me impressionou, apesar de pouco explorado na matéria, foi a falta de autoridade do Estado brasileiro, ali representado pelo Ibama, Exército e Polícia Civil. A equipe do Greenpeace estava autorizada a fazer a remoção da tora naquela cidade e foi impedida por bandidos que não se deixaram dobrar nem pelo Exército Brasileiro. E depois alguns criticam quando reportagens internacionais taxam o Brasil de incompetente em se tratando de preservação da Amazônia.
Conseguiram, enfim, um tauari de 12 metros, em Lábrea, Amazonas, 13 de novembro de 2007. Está em Copacabana, para a campanha Desmatamento Zero. Se depender dessas instituições a contagem até Zero não chega tão cedo. Mas fiquemos de olho!
terça-feira, novembro 20, 2007
E que venham as críticas.
sábado, novembro 17, 2007
No embalo da Semana Nacional da Consciência Negra e comemorações do dia de Zumbi dos Palmares, gostaria de divulgar mais dois eventos. Além do já comentado II Festival Afro, acontece:
Na UFRJ
A Faculdade de Letras da UFRJ, numa realização em parceria com a UFF e a Fundação Biblioteca Nacional, realiza o III Encontro de Literaturas Africanas - Pensando África: crítica, pesquisa e ensino. O evento acontece de 21 a 23 de Novembro. Para maiores informações clique aqui.
Na ABL
A Academia Brasileira de Letras vai reunir em sua sede especialistas de várias partes do mundo, de 22 a 24 de Novembro, para debater as diversas formas históricas de escravidões na Conferência “Confrontando as Escravidões” – Um diálogo visando ao entendimento cultural. Para maiores informações e programação completa, clique aqui.
Alguns dizem que tais eventos acadêmicos têm um propósito mercadológico, tendo em vista a Lei 10.639 e atribuem isso, também, como motivo para o grande número de publicações sobre África e afro-brasilidades. Prefiro pensar que o que ocorre é um engajamento, cada vez maior, para mudar um quadro de invisibilidade e ignorância de cultura afro-brasileira e africana. Bem, de qualquer forma algo de bom acontece. Estão, finalmente, tocando no assunto.
quarta-feira, novembro 14, 2007
Em 2003, a revista Super Interessante trouxe como matéria de capa a reportagem “Como Hitler pôde acontecer?” Um cara baixinho, com um bigode exótico, cuja aparência, em seu conjunto, fugia daquilo que pregava ser característica de raça superior. Fazia aquele penteado esquisitão, comportava-se de maneira mais esquisita ainda e, como ninguém é perfeito, ainda tinha algumas idéias bem escrotas. Mas ele “aconteceu” e deixa seu rastro podre até hoje.
A reportagem fazia um histórico do surgimento à decadência dessa figura. E a primeira conclusão, talvez óbvia, é que esse tipo de gente não surge do nada. São eventos, atitudes, palavras, acontecimento que se sucedem e… lá está ele. Será que foi tão discreto ao galgar os degraus que o levaram até o poder? Não. Não houve discrição. Ele vai mostrando a que veio para aqueles que querem ver. Alguns, descrentes, o ignoram. Outros ficam mais atentos. Mas o fato é que o bigode chegou onde queria.
Mas de quem seria a responsabilidade em perceber que algo acontece? A quem interessa? E será que haverá, digamos, sensibilidade para sacar que alguma coisa está para acontecer? Será que os acontecimentos serão analisados de forma objetiva, com isenção e abrangência suficientes, além de critério que permita prever algum evento?
Parece que esse tipo de análise só é levado em consideração décadas depois dos ditos eventos. Revirando os arquivos, sacudindo a poeira dos papéis, tendo acesso e meios para uso e análise de certas informações, acontecimentos do passado (que ainda ardem no presente) são revistos.
Hoje, a edição eletrônica do Guardian Unlimited traz um texto de Sir Ian Kershaw, professor de história moderna Alemã, da Universidade de Sheffield, intitulado Blind optimism, em que comenta o livro A mirror of Nazism: British opinion and the emergence of Hitler, 1929-1933, de Brigitte Granzow. No artigo, o professor que publicou uma biografia de Hitler (em dois volumes: Hitler, 1889-1936 Hubris e Hitler, 1936-1945 Nemesis), obra monumental – somam mais de 2000 páginas - que lhe rendeu varias premiações, analisa a “cobertura” que os jornais The Guardian e Observer deram a Adolf Hitler de 1930 a 1933. Alguns links levam a reproduções digitais desses jornais, onde podem ser lidas as matérias originais.
Reportagens que traziam distorções e interpretações equivocadas acabaram por minimizar a ascensão do líder nazista. Diziam que era apenas uma figura "dramática", um carinha cheio de "verborragias revolucionárias" e "sem verdadeiramente ser um líder revolucionário". Um "charlatão" de "postura moderada" que, talvez viesse a ser tornar um homem de Estado. E era "definitivamente cristão em seus ideais", que iam "de encontro aos da Igreja Católica Alemã". Essas são algumas das percepções que foram veiculadas à época em jornais importantes da Inglaterra.
Parece que menosprezaram as verborragias de um pseudo-revolucionário charlatão. Deu no que deu. Mas fica a lição.
terça-feira, novembro 13, 2007
No dia 6 de novembro, publiquei um texto no Jornal de Debates, numa proposta de discussão sobre educação. A proposta era “Por que a educação não tem prioridade no Brasil?”. Intitulei meu artigo com outra pergunta: “A quem interessa?”. Basicamente falo de dominação a partir da [falta de] educação. Poucos dias depois, 11, assisti no Fantástico uma reportagem que, embora, infelizmente nada tenha de novidade, me deixa triste e indignado.
“Escolas caindo aos pedaços” foi o nome da matéria. Apresentou escolas do Maranhão (me lembrei de um imortal), Minas Gerais (onde tem um que quer ser e um que já foi), Alagoas (me lembrei muito do Renan) e Mato Grosso (riqueza, agronegócios, etc.). Estados onde oligarquias parecem resistir ao tempo.
Recentemente também li algo sobre o Laptop, que pelo visto não sairá mais a 100 dólares, e que o governo pretende adquirir aos milhares. Isso, pelo visto, no âmbito do PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação). É tanto plano. Alguns podem ser definidos como “fazendo algo que já deveríamos ter feito, pois consta na legislação”. Ainda têm esse negócio de um computador por aluno, todas as escolas conectadas à Internet. Que maravilha.
Realmente estão planejando o nosso futuro. Ah, e com certeza o plano contempla questões como profissionais habilitados para o ensino com essa “nova” ferramenta, assim como a manutenção desses equipamentos. Ambiente adequado já existe: à sombra de uma mangueira. É um risco.
Muito se discute sobre o real impacto que a ajuda (financeira) internacional tem no continente Africano e noutros países dos demais continentes. Sobre África, o que vejo de comentários se resume basicamente a corrupção de alguns chefes de Estado que acabam por desviar o dinheiro doado, ou aplicando de forma errônea, logo, sem impacto no desenvolvimento local e na redução da pobreza. Isso sem falar nas “pesquisas” que dão um tom racista na visão que alguns países desenvolvidos têm do continente Africano, relacionando a cor da pele com pobreza, desmerecendo todo um universo cultural de extrema riqueza, e desconsiderando a História. Com isso, concluem secamente que ajudar não adianta.
O mais correto, a meu ver, seria dizer que a forma atual de ajuda, aonde cada dólar chega impregnado de interesses comerciais, políticos, estratégicos, realmente não adianta. É bom esclarecer que a ajuda a que me refiro é aquela conhecida como ODA (Official Development Assistance) que, na definição de sua entidade criadora, o Comitê de Assistência ao Desenvolvimento (DAC) da Organização para Co-operação Econômica e o Desenvolvimento (OECD) seria um fluxo de financiamento oficial a ser aplicado com vistas ao desenvolvimento econômico daqueles países e o bem estar de sua população. Mas, como nada é perfeito, os interesses aos quais me referi, tanto dos doadores como também nos países que recebem a doação, acabam por enfraquecer o objetivo da ODA. Quem sofre, é claro, é quem mais precisa.
É uma situação complicada e pouco discutida de forma aberta. Mas, vamos à indicação de leitura. Um relatório recente do IPC, em sua publicação Povert in Focus, e intitulado “Does Aid Works? – for the MDGs” trás alguns artigos que examinam esse sistema internacional de ajuda, apresentando propostas de ajuste que possibilitariam aplicação mais eficaz.
Polity
International Poverty Centre - IPC
OECD
The Story of Official Development Assistance - de Helmut Führer
sexta-feira, novembro 09, 2007
Estava eu indo à Mesquita (a cidade, não o templo) e, como quase sempre, fazendo uso do transporte alternativo. Não que eu seja afeito a Vans, mas o transporte oficial que liga Mesquita ao Centro do Rio, mais especificamente à Praça Mauá (dando nome aos bois: linha 005 e 131; empresa: Transmil), não atende a população. Ônibus precários, longas esperas e alto custo da passagem, contribuem para que o oficial perca para o oficioso. Sinceramente, ambos deixam a desejar.
Pois bem, conversas em transporte público, alternativo ou não, muitas vezes são interessantes. É bem verdade que, na maioria, são caóticas, deprimentes, incômodas. Mas a que me refiro, que poderia muito bem ser tema de um estudo, tem haver com ética, corrupção, conceitos e outras coisas mais que se possa extrair daquilo tudo.
Van cheia, sem cabeça para ler um livro (espécie de salva vidas, sempre próximo) as conversas, ou melhor, a conversa, preencheu o tempo. Não participei. Apenas ouvi e me impressionei. Falavam sobre energia elétrica. Mais especificamente sobre o furto desta, o famoso “gato”. “Em minha casa existe um leão”, dizia um, o mesmo que dava as dicas para um “gato” bem feito. “Você não pode sair de uma média de 40, 45 reais e reduzir logo pra 20. Eles desconfiam”. Tudo isso numa naturalidade…
Também criticaram a nova tecnologia de medidores da Light, que os instala em postes e agrupados, e não internamente. Isso faz com que o acompanhamento (sic) pelo consumidor fique comprometido, uma vez que a checagem das informações do relógio fica dificultada pela distância. Da mesma forma, tal mudança gerou um aumento nas contas, fazendo com que muitos consumidores revoltados destruíssem, literalmente, os medidores. Isso eu vi. Ateavam fogo. Como se o medidor representasse o responsável na Light. Era a vingança da população, que não vê resultados nos meios disponíveis para reclamações.
Mas voltemos ao bate-papo no transporte alternativo. Outra maneira de furtar energia foi comentada. Essa me impressionou ainda mais. Tratava-se, grosso modo, de interromper o movimento do relógio, por travamento do disco. Da mesma forma, as técnicas eram apresentadas e discutidas com extrema naturalidade. Um apresentando ao outro, maneiras de sobrevivência. O jeitinho.
Quero deixar claro que sou contra o “gato”. Já fui vítima, durante mais de um ano, quando foi desfeito (não foi descoberto, mas desfeito) e a conta teve redução de 40%. Assim, de uma hora para outra. O caso foi apresentado à Light, mas ficou provado o desprezo. O furto era indireto.
Quando comentamos sobre corrupção, normalmente o alvo é Brasília. Onde algumas centenas de funcionários públicos, pagos para representar a maioria da população, atuam em benefício próprio. Puro reducionismo de algo bem mais amplo. Uma de minhas primeiras postagens aqui no blog dizia respeito binômio ética-moral. Foi um texto onde comentei o aumento de salários que os parlamentares estavam se dando. Aumento esse que, por sinal, voltou à pauta da Câmara, nesses tempos de barganha pela CPMF.
Mas a cada conversa que presencio, a cada declaração que ouço, não de parlamentares, mas dos que os elegeram, me faz acreditar que se alguns eleitores tivessem a oportunidade de seguir carreira pública, se comportariam da mesmíssima maneira que os ladrões tão criticados. Corrupção de baixo para cima, de cima para baixo, de um lado para o outro.
O “gato”, pelos que fazem, não é considerado como furto de energia, como crime, assim como o desvio de verba pública é tido como normal por alguns. Pensam eles que, se a concessionária de energia elétrica presta um serviço aquém do que se espera, têm o ‘direito’ de roubá-la. O fato de prejudicar o vizinho, quando o gato é feito indiretamente, ou mesmo de comprometer todo o sistema (segurança, preços, etc.), quando o roubo se dá na alta tensão, no poste, não causa nenhum constrangimento a tais pessoas. O respeito com o próximo inexiste. A consciência do coletivo é uma piada. Essas são as mesmas pessoas que, ao lerem os jornais, quando o fazem, xingam seus iguais, em Brasília.
E para dar outro exemplo dessa mentalidade, sem sair da Van, basta que nos lembremos das saídas de ar-condicionado (quanto existe) na primeira fileira de bancos logo atrás do motorista. Quando a temperatura está alta e esse conforto é mais apreciado, quem senta ali, direciona as saídas para si, sem pensar (ou mesmo de forma consciente, pois o mal existe) naqueles que se encontram nos últimos bancos.
A Van está cheira. E eu também.
quinta-feira, novembro 08, 2007
Eis um ano inesquecível: 2007. Um ano, como qualquer outro, onde tristezas e alegrias se sucedem, com emoções novas a cada dia, risos e lágrimas, de alegria ou não. A vida é formada de perdas e ganhos. E neste ano essas palavras ganharam mais significado, como se o coração fosse marcado a ferro em brasa para defini-las, de uma vez por todas. Espero, sinceramente, que acontecimentos tão intensos cessem daqui para o fim do ano. Chega, por enquanto.
No espaço de dezenove dias, a morte e a vida se materializaram em minha frente, desafiadoras, exigindo ação, atitude, força… e também permitiram reflexão. Refleti sobre a vida e a morte, força e fraqueza, sobre esperança e desilusão, sobre violência e paz, sobre família, sobre passado, presente e futuro.
Em 07 de Novembro de 2007, nasceu minha sobrinha. Presenciei a vida chegando com força, num presente de 3.315gr distribuídos em 50cm de esperança num futuro de paz.
terça-feira, novembro 06, 2007
Há poucos meses foi uma empregada doméstica. Alguns dos criminosos alegaram que pensavam se tratar de uma prostituta. Postei sobre isso aqui . Agora parece que acertaram, pois desta vez o alvo foi realmente uma prostituta. O cenário, mais uma vez, a Barra, mas poderia ter sido em qualquer lugar. Os "protagonistas" mais uma vez jovens de classe média alta, que vivem no conforto e relativa segurança dos condomínios da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Já ia esquecendo o motivo: o desprezo pela vida, pelo próximo; e, é claro, a sensação de impunidade. Uma matéria do O Globo Online fala sobre a falta de valores, a infantização, e isolamento social desses jovens. São realmente fatores que contribuem para a formação desses que, tendo estudado em boas escolas, com oportunidades para se profissionalizarem e com todos os recursos de que dispõe, são os mais cotados para ocuparem postos de comando num futuro próximo.
Uma coisa que acho bem interessante ao fazer uma busca sobre as notícias relacionadas a esse, digamos, incidente. É como esses criminosos desumanos, de 21, 19 e 17 anos, são chamados. Jovens, estudantes, garotos, rapazes. Pode parecer paranóia, mania de perseguição, cisma… Mas gostaria que fizessem uma comparação com notícias similares (isto é, homens, de 17 a 21 anos, que cometem crimes) em áreas não tão nobres quanto a Barra da Tijuca e, mais importante, oriundos de camadas mais pobres da população. Baixada Fluminense, morros e favelas (as comunidades) da cidade do Rio, isso para ficar somente neste Estado. Os adjetivos e formas de tratamento não serão tão amenos, disso tenho certeza. Notem que aqui eu nem estou considerando a tez dos indivíduos.
É. A desigualdade passa também pelo tratamento.
Continuamos, então, bradando, gritando palavras de ordem, pedindo a palavra por 3 minutos... e, sempre que possível, arriando as calças.
segunda-feira, outubro 29, 2007
Recentemente minha cidade natal esteve presente nos noticiários. O motivo não me deixa feliz, mas serviu para que o município de Mesquita seja lembrado. Emancipado recentemente (setembro de 1999), Mesquita é o mais novo município do Estado do Rio de Janeiro. Herdou problemas sérios das administrações passadas (era distrito de Nova Iguaçu) e convive com novos. O mais recente teve haver com o resultado das chuvas da última semana. Vários pontos de alagamento, desabrigados, mortos.
Uma criança foi sugada pelas forças das águas e caiu num bueiro. Há algum minha mãe comentou que as tampas dos bueiros estavam sendo roubadas. Passeando por Mesquita é fácil se deparar com buracos abertos, bueiros sem a tampa. Embora nunca tenha levantado, a tampa de um bueiro daqueles, não parece ser algo fácil de carregar. E se a intenção é vender, é bem possível que não tenham ido muito longe. Sugestão à polícia, à prefeitura, aos agentes do Estado pagos para fiscalizar tais coisas e, é claro, aos moradores que porventura tenham acesso: verifiquem nos muitos ferros-velhos e “bagulhões” que existem no município.
À população fica o apelo: assim como aconteceu com a criança, um menino de 9 anos, todos correm o risco. Então, façamos nossa parte, fiscalizando, denunciando, cobrando. Mas nunca esqueçamos de que não devemos ser apenas objetos de ações do Estado. Sejamos sujeitos, participando, agindo e interagindo.
À prefeitura: a segurança da população deve vir antes de questões de embelezamento estrutural, com perfil eleitoreiro. O reflorestamento dos morros que circundam Mesquita favoreceria uma maior retenção d’água, além de contribuir para o clima e paisagem natural do município. E o asfalto deve vir sempre acompanhado de infra-estrutura de drenagem adequada, considerando todos não só a geografia local, uma vez que Mesquita não está isolado. Caso contrário, as pessoas deixam de pisar na lama para se afogarem no asfalto.
quinta-feira, outubro 25, 2007
Li no espanhol El País que os blogs italianos podem ser afetados por uma lei que pretente regular o conteúdo publicado. Trata-se de um mecanismo de supervisão e controle do governo de Romano Prodi que obrigaria blogueiros a dependerem de um "editor responsável". O controle seria feito pela Autoridade de Comunicações daquele país.
Está aberta a polêmica. É notório que a difusão dos blogs como instrumentos de denúncia e informação, por vezes, incomoda muita gente. E, muitas vezes, os incomodados ocupam posições de destaque num governo, numa companhia. Como sabemos que democracia se tornou algo relativo, mesmo em governos ditos democráticos e ditos populares, já era de se esperar que algo do tipo surgisse.
Segundo o blog de Beppe Grillo, o texto da nova lei diz que o blogueiro, após o registro e devidamente certificado, teria ainda de pagar impostos, mesmo que a informação disponibilizada pelo blog não tenha fins lucrativos. Pegaram pesado!
Se considerarmos a lei como um tipo de censura, com certeza seria algo extremamente negativo para todos. Por outro lado, a lei talvez demonstre que o Estado (não só o Italiano, pois isso se espalha) e a sociedade, reconhecem a importância dessa ferramenta como meio de comunicação. Viva ao Blog! Viva aos Blogueiros! Mas fiquemos atentos.
quarta-feira, outubro 24, 2007
As desumanidades começam nas palavras
Agora pouco estava lendo uma matéria sobre a infeliz (mais uma) declaração de um de nossos governantes. Agora foi a vez de Sérgio Cabral, governador do Rio (do Estado, mas parece da cidade). Colando do G1… "Você pega o número de filhos por mãe na Lagoa Rodrigo de Freitas, Tijuca, Méier e Copacabana, é padrão sueco. Agora, pega na Rocinha. É padrão Zâmbia, Gabão. Isso é uma fábrica de produzir marginal" declarou Cabral. A entrevista completa pode ser lida aqui.
Então o governador relaciona a taxa de natalidade com o índice de violência. A declaração poderia até passar, se não fosse feita de forma tão grosseira. Além disso, essa não é a realidade. Isso é jogar toda a responsabilidade do crescimento da violência, nas costas, ou melhor, nos úteros, da população pobre. É, de certa forma, confortável para os governantes, não apenas para Cabral, uma vez que não mais importam as políticas públicas cretinas, inconseqüentes, eleitoreiras e até desumanas, feitas ao longo das últimas péssimas gestões. Elas [essas políticas públicas a que me refiro] não levaram em conta o ser humano, o meio ambiente natural e social, e o desenvolvimento de fato.
Assim, o governador se soma a lista dos que usam a África como instrumento de comparação ao resultado de suas fracassadas ações. Além disso, ele marginaliza os recém-nascidos de áreas onde o Estado fez questão de se fazer ausente por tanto tempo. O marginal de hoje, mais especificamente os de áreas que ele compara ao Gabão e Zâmbia, na maioria das vezes foram crianças sem perspectiva, sem bons exemplos, sem oportunidades. Não estou defendendo bandido. Até porque sei que existe muita gente que não presta, independente se sua origem ou residência ou mesmo história de vida.
Cabral cita o livro Freakonomics (Steven Levitt e Stephen J. Dubner) como justificativa academicista para sua posição. Diz que é cristão e católico. Mas o que no fundo vejo, na declaração comparativa do governador, não posso dizer que seja preconceito. É mais grave, pois não tem o “pre”. É, na verdade, um conceito, puro e simples, já enraizado em muitos: pobre é bandido.
segunda-feira, outubro 22, 2007
O que desejo pra você
Primeiramente te desejo PAZ. E PAZ no sentido mais amplo que essa linda palavra, hoje tão pouco praticada, pode assumir.
Pra você desejo um bom emprego. Desejo que tenhas atividades que te façam progredir. Não necessariamente de forma financeira. Desejo que tu tenhas horas de ofício e ócio, pois ambas são importantes.
Pra você desejo uma roda de samba. E que seja animada. E que dure o tempo que quiser. E que esse tempo não seja mais nem menos do que o necessário.
Pra você desejo amigos, nas horas certas e principalmente nas incertas. E se não forem muitos, que seja pelo menos um, mas seja amigo. E que você saiba disso e ele também, e que ambos respeitem essa coisa sublime que é a amizade.
Desejo que tu tenhas consciência do que faz, a ti e aos outros. E que essa consciência não te tire a boa espontaneidade. Desejo também que tenhas uma família, e que seja unida e feliz. Em não sendo unida, que sejam felizes, mas sejam felizes.
Desejo que tu tenhas momentos de reflexão, momentos de silêncio. E que nesses momentos tu possas consertar aquelas pequenas coisas interiores que estejam te atrapalhando, impedindo que tu sigas a trilha da felicidade.
Desejo que tu tenhas força, e que essa força seja suficiente para que tu possas encarar a vida e tudo que ele tem a lhe proporcionar.
Desejo que tenhas esperança; e que tenha fé; e que tenha serenidade; e que tenha certezas e incertezas.
Desejo que teus olhos brilhem e que esse brilho nunca desapareça. E que faça outros olhos brilharem. E que esse brilho seja contagiante, assim como teu sorriso deve ser.
E por falar em olhos e outros… desejo que olhe os outros sempre nos olhos.
E por falar em sempre… desejo que viva para sempre… a cada dia que viver.
E por falar viver… desejo que viva com saúde, que respeite seu corpo e cuide dele.
E por falar em respeito, que é bom e gostamos… desejo que respeite a si, a natureza, os outros, a vida.
Desejo que fale. E falando, que te escutem. Desejo também que ouça aos que falarem a ti e a teu coração, que também “fala” e deve ser “ouvido”.
Desejo que ganhe o que for para ser conquistado. E desejo também que, perdendo, saiba suportar. E ganhando, que tenha humildade. E sendo humilde, que não baixe a cabeça. E mantendo a cabeça erguida, tenha consciência de que existe algo acima, que te acolhe quando ganha, quando perde… sempre.
Desejo que aquela roda de samba, os amigos, a família, a saúde, a PAZ, a alegria, a força acolhedora, e todos os bons momentos e as boas coisas da vida estejam sempre com você.
Que Deus (da maneira como você o concebe) te abençoe!
Alex Amaral
Escrevi o texto acima há mais de 3 anos. Postei agora com algumas alterações, mas a essência é a mesma. Esses têm sido dias difíceis para mim e minha família. A violência que assistimos na TV e lemos nos jornais se materializou, tirando-nos uma pessoa que amamos muito. E sempre amaremos. Foi real, avassalador, assustador, e muito triste. Por isso dedico o texto a meu primo. Mas é o que desejo a todos: PAZ!
A menina no mercado
Havia uma menina no mercado. Devia ter uns 12 anos. Talvez menos. Estava atrás de mim no caixa. Tinha dois pacotes de macarrão instantâneo n...
-
Havia uma menina no mercado. Devia ter uns 12 anos. Talvez menos. Estava atrás de mim no caixa. Tinha dois pacotes de macarrão instantâneo n...