terça-feira, novembro 20, 2007

Viva Zumbi dos Palmares

Cá estou me recuperando de uma virose que há três dias tenta me derrubar. Com isso, provavelmente não poderei estar presente nos eventos que ocorrem nesta data. 20 de Novembro, ponto alto na Semana da Consciência Negra. Data em que, no ano de 1695, morria Zumbi dos Palmares. Dia da Consciência Negra.

Algo de interessante acontece nesses dias. São muitos eventos para discutir a situação do afro-descendente na sociedade brasileira, trazer e renovar estudos sobre a escravidão, festejar a cultura e a herança cultural africana no Brasil e, mais importante, elevar a auto-estima de boa parcela da população. Ao mesmo tempo, outros escolhem a data e os dias que a precedem para tecer críticas ao elevado número de feriados, ao perigo do "neo-racismo" (essa eu li hoje no site de conceituada revista) e também comentam, alguns de forma calorosa, outros riscos envolvidos quando se trata de integrar, de fato, afro-descentes e outras categorias numa sociedade tão democrática e justa. É mesmo arriscado.

Toda vez que ouço esse segundo argumento, lembro de um filme de ficção que assisti há muitos anos. Tipo Sessão da Tarde. Não lembro do nome. Mas aqui o que importa é o que ficou. Na trama, o herói, protetor da floresta, tinha o poder de se comunicar com os animais, dentre outras coisas. Numa parte do filme, para impedir que um caçador matasse um dos animais, já acoado e assustado, o herói faz com que o caçador sinta tudo aquilo que o animal estaria sentindo no momento. O caçador chora, cai aos prantos, implora para que aquilo acabe. Parece uma comparação idiota, talvez até seja (sou mestre nisso), mas penso que seria muito interessante se aqueles que fazem críticas como o fato de uma parcela da sociedade brasileira reclamar igualdade, estivessem do outro lado. Imaginem só.

Muitos apresentam pesquisas acadêmicas, dados do IBGE (que cada um interpreta como quer) e até relados, para comprovar que tudo caminha para um paraíso de igualdade e que o problema estaria nas políticas de ação afirmativa, no feriado, nas passeatas, nas cotas, que racismo é achar que racismo existe, que tudo isso é esquerdismo de baixo nível... Por que será? Isso sem falar nos comentários postados em artigos sobre a Semana da Consciência Negra, no O Globo On-line, por exemplo. Sempre digo que os comentários expressam muito do que muitos sentem.

Mas isso não apaga a importância da data, deste tão criticado feriado. É simbólico, sim, como tantos outros, mas mantem sua importância. Reflexão, conscientização, estudo, respeito, orgulho, auto-estima, inclusão, igualdade de fato (já que de direito está assegurada no Artigo 5° de nossa Constituição), reconhecimento.

E que venham as críticas.


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