Deve ser votada hoje a proposta de prorrogação da “contribuição” que nasceu provisória e está cada vez mais permanente. O governo diz que quem reclama é sonegador. Ora, se o sujeito sonega, ele não paga, logo não tem do que reclamar. Também diz que é imposto para quem tem dinheiro e por isso vem incomodando. Ainda emenda que, se fosse para o pobre, ninguém reclamaria. Ora, se o patrão (segundo o Luiz da Silva) é quem está sendo onerado, quem vocês acham que sofre no fim? Diz que o governo não pode ficar sem tanto dinheiro de uma ora para outra. Esquece que essa “contribuição” tem data prevista para acabar: o fim de 2007. Está na lei. O governo não está sendo apanhado de surpresa. Teve tempo suficiente para planejar. Diz também que quem irá sofrer é o povo, o país, o crescimento, o PAC. Alguém acaba pagando o pato. É assim desde o início dos tempos.
As frases são de impacto, e talvez até funcionem, uma vez que, pelo que vemos, a população não associa o presidente ao governo. Parece uma coisa à parte. Agora (li hoje) propõe que toda o imposto seja aplicado na Saúde. Caramba! Do jeito que se coloca, parece que está fazendo algo extraordinário e não o que é devido. Pelo que sei, é para a Saúde que a “contribuição” (sempre entre aspas) foi criada.
O governo chora de um lado, conclamando aos deputados, senadores, governadores, partidos, que sejam responsáveis. Coisa, aliás, que o governo não foi durante esses anos. O uso da CPMF não teve nada de responsável. Pelo contrário. Vemos o caos na Saúde a cada reportagem sobre o tema. Por outro lado, parece que o Trem da Alegria parlamentar anda cada vez mais alegre. E, nesse ponto, a CPMF ainda ajuda, pois o governo tem liberado emendas milionárias, verbas a torto e a direito (mais a torto) para “convencer” a oposição e os aliados rebeldes a votarem a favor da prorrogação.
E a campanha para isso, como disse antes, usa como um dos artifícios a tentativa de convencimento de que, quem for contra a prorrogação, é contra o crescimento do país, contra as políticas sociais do governo, contra os mais pobres. Discurso forte, apelativo, que toca fundo para encobrir o que é claro na superfície: a incompetência do governo em administrar o dinheiro com o qual… contribuímos.
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