terça-feira, dezembro 04, 2007

Errou, apaga

A horrenda história da menor que ficou detida numa cela com 20 homens, como não poderia deixar de ser, ganhou bastante atenção de todos. Não sei qual foi o crime desta menina, mas o que o Estado cometeu eu considero hediondo. Foi uma séria de falhas terríveis, por parte de juízes, policiais e delegados (será que algum deles têm filha?). Mentira e desrespeito a vida, a pessoa, ao ser humano. Ainda tentaram justificar, culpando a vítima de “possível debilidade mental”. Houve pronunciamento tardio da ministra Nilcea Freire, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres – SPM e também do presidente Luiz da Silva. Mas falaram. Talvez devessem ficar mais atentos. Li, por exemplo, que em algumas cadeias do Rio, quem revista as mulheres são policiais homens. Talvez isso aconteça em outras partes do país. O fato de mulheres e homens dividirem cela parece ser corriqueiro. Longe da “ficção” como o presidente disse parecer. É real e cruel.

Ouvi ou li que iriam derrubar a delegacia onde a barbaridade ocorreu. Uma boa forma de apagar um erro. Destruindo um dos lugares onde o erro ocorreu. Isso mesmo, um dos, pois o erro (crime, barbárie) não foi apenas na delegacia. Ocorreu, também, nos órgão da Justiça (sic) por onde tramitou o caso, que viria a tona por denuncia de um dos presos.

Parece que derrubar virou moda para apagar certas mancadas. Algo parecido ocorre na Bahia, após a tragédia que vitimou sete pessoas. Tragédia anunciada. Havia laudo apontando problemas estruturais. Crianças do colégio que funciona ali reportaram queda de reboco. Mas quem freqüenta camarote não liga para arquibancada. Agora basta demolir, construir um estádio lindo que servirá para a Copa de 2014 (além de enriquecer algum empreiteiro e seu apadrinhado político) e esquecer, não só a tragédia, mas também os erros, a negligência, o desrespeito o desserviço público.

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