Numa postagem recente eu comentei a declaração do governador Sérgio Cabral sobre a questão do aborto ser a solução para a diminuição da criminalidade. Sérgio se baseava no livro “Freakonomics - o lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta” do economista Steven Levitt. A declaração foi feita ao G1, há uma semana. Hoje o G1 traz uma entrevista com o autor do livro, feita por e-mail, na qual ele faz uma comparação entre Brasil e EUA, defende suas idéias de maneira não tanto radical quanto a declaração do governador. Leia aqui.
O Globo de sexta-feira trouxe outra declaração do governador, com uma mudança de tom, dentro de uma matéria de Ruben Berta intitulada “Governador, agora, diz que é contra o aborto”. Algo que me chamou atenção ao ler foi um quadro posto no meio da matéria. O título: Opinião. Não sei se do grupo do jornal ou somente do autor da matéria. Lê-se: “Fato Objetivo – Pode-se concordar ou discordar da defesa feita da legalização do aborto pelo governador Sérgio Cabral. Mas é irrefutável que, por falta de um programa sério de planejamento familiar, as camadas pobres da população converteram-se numa fábrica de reposição de mão-de-obra para o exército da criminalidade”.
É. Pelo que vejo a opinião de que pobre é sinônimo de marginal não é exclusiva de Cabral. Eu sou contra essa visão estreita, esse conceito turvo. Sou a favor de planejamento familiar por qualidade de vida, à família, às crianças. Infelizmente (ou felizmente, diriam alguns) essa “fábrica”, essa camada da população, não tem recursos para comprar a publicação que traz a matéria. Dois reais. E tendo acesso talvez nem criticasse, uma vez que a ignorância, a inexistência de visão crítica, faz parte da política daquele mesmo Estado, emperrado, do senhor Cabral, que parece ter descoberto a fórmula da paz.
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