Expressões como Health IT (Health Information Tecnology), EPR (Electronic Patient Records) e EHR (Electronic Health Records) há algum tempo têm ganhado espaço na mídia especializada e nas rodas de discussão, tanto tecnológicas como da área de saúde e da informação. A tendência é essa, eliminar papel, tornar tudo digital, encurtar distâncias, agilizar processos operacionais e decisórios, cortar custos... Resumo o que penso no fim desta curta postagem.
São bilhões de dólares em projetos grandiosos, nos EUA e na Inglaterra que visam estimular a criação de um sistema integrado de informação em saúde. Com tanto dinheiro envolvido, não é de admirar que tantas empresas inundem o mercado com opções de sistemas computacionais, programas e infraestrutura, das mais diversas e apresentadas como solução. Afinal, quem não quer uma fatia desse bolo bilionário?
Tenho acompanhado muito menos do que gostaria, mas pelo pouco que tenho pesquisado e lido, surge a impressão de que a "novidade" está sofrendo derrota. Mas não de todo. As discussões e as polêmicas são importantes para que, o que quer que venha a surgir disso tudo, seja algo positivo.
Foi publicado ontem um artigo que pode ser importante para a analisa e compreensão da situação atual. Trata-se de Tensions and Paradoxes in Electronic Patient Record Research (Tensões e Paradoxosos na Pesquisa sobre Arquivos Médicos), resultado do estudo da professora Trisha Greenhalgh do University College London. Conclusões da pesquisa:
Conclusions: The findings suggest that EPR use will always require human input to recontextualize knowledge; that even though secondary work (audit, research, billing) may be made more efficient by the EPR, primary clinical work may be made less efficient; that paper may offer a unique degree of ecological flexibility; and that smaller EPR systems may sometimes be more efficient and effective than larger ones. We suggest an agenda for further research.
Conclusões: Os resultados sugerem que o uso de EPR sempre exigirá ação humana para recontextualizar o conhecimento; que, embora o trabalho secundário (auditoria, pesquisa, faturamento) possa ser mais eficiente com o EPR, o trabalho clínico primário pode ser menos eficiente; que o papel pode oferecer um grau de flexibilidade ecológica único; e que a implantação de sistemas de EPR locais às vezes podem ser mais eficientes e eficazes do que as mais globais. Sugerimos uma agenda para futuras pesquisas.
Leia o artigo na íntegra clicando aqui (em inglês)
Em minha monografia de conclusão de curso, fiz um estudo de caso sobre a situação arquivística em meu ambiente de trabalho. Algo que procurei obordar foi a importância do fator humano quando se trata do gerenciamento de informações, da gestão de arquivos. O estudo da professora parece corroborar esse aspecto. Planejar um sistema com o intuito de beneficiar o ser humano, mas sem envolvê-lo de fato, é no mínimo uma incoerência. Vemos ainda que o papel está cada vez mais presente como mídia em nosso cotidiano, "suportando" nossas informações. Aparentemente, quanto mais nos digitalizamos, mas papel usamos no processo. Por fim, pensar grande neste caso parece ser um erro. Projetos menores, pontuais, se tornam mais simples de serem implantados, acompanhados, analisados, observados. E corrigidos. O velho ditado "quanto mais alto, mas dura é a queda" é bem oportuno.
Ah, o resumo do que penso... As discussões, a política, o processo e os projetos em torno dos Arquivos Médicos giram em torno de aspectos informáticos, financeiros e tecnológicos. Penso que o ideal fosse uma abordagem mais informacional, social/humana, e arquivística. Talvez eu pense demais. Talvez não.