quarta-feira, novembro 11, 2009

Se liga na real!

O TUIST está prestes a completar 3 anos e a postagem número 500 está próxima! O que foi escrito desde o "lançamento" deste blog em Dezembro de 2006 de certa forma refletiu minha vida, meu pensamento, meus medos, meus preconceitos, minhas angústias, emoções, raivas... Mas também pude externar meu carinho, meu afeto, minha dedicação, meu amor, por coisas, pessoas, momentos... Os textos e recursos multimídia (vídeos, músicas, figuras) postados também refletiram momentos da sociedade. E não apenas do Brasil. Minhas reflexões contemplaram vários países na Europa, Ásia, Américas, África. Política, economia, questões sociais e humanitárias, acadêmicas... enfim, uma série de temas, vários assuntos.

Dentre as questões sociais e humanitárias, em alguns textos eu abordei a violência. E as drogas. Recentemente, numa conversa com um amigo, falamos da questão da influência (do meio, dos colegas, da família) no desenvolvimento de uma criança. Embora o assunto não estivesse relacionado ao uso de drogas, é fácil perceber uma ligação entre o uso/consumo de entorpecentes e a influência sofrida (pela criança, adolescente, jovem) do meio em que se vive, das pessoas, familiares ou não, com quem convive.

Sou um medroso! Tenho medo que situações tristes, difíceis e trágicas aconteçam ou voltem a se repetir. Vivi uma situação na qual a influência teve papel determinante no que culminou numa tragédia com ente querido.

Penso que espaços estão aí para serem preenchidos. E não me refiro ao "físico", mas ao emocional, ao moral, ao intelectual, ao dos valores... Quando esses espaços não-físicos deixam de ser preenchidos com algo positivo, cria-se condições para o que "não desejamos aos nossos filhos". Mesmo não sendo pai, hoje vivo uma angústia dessas. O ser humano é um ser influenciável por natureza.

Penso que o medo me permitiu estar aqui, ileso (pelo menos fisicamente). A essa emoção salvadora em alguns momentos, algumas vezes juntou-se a informação que, consequentemente, me permitiu uma reflexão. Aquele famoso "pesando os prós e os contras". É claro, sendo um ser pseudo-racional, atitudes erradas, mesmo nessas condições, podem ser tomadas. Mas, a partir do momento em que temos subsídios decisórios (informação) e alguma perspectiva (que pode ser esperança, sonho) creio que as idéias se iluminam. Da mesma forma, tirando a informação (por exemplo, numa sociedade deficitária no nível educacional) e/ou a perspectiva (estrutura familiar fraca, poucas oportunidades e muitas barreiras, falta de condições para uma vida digna, falta de apoio e exemplos), o que se impõe é uma visão obscurecida da vida. Neste último caso o espaço não-físico é facilmente preenchido por...

Nos últimos meses tenho notado um aumento expressivo no número de jovens (muitos ainda crianças) sobrevivendo nas ruas aqui próximo. Alguns desses jovens praticam delitos que, quando muito, são "tratados" de maneira paleativa pelo Estado. O consumo de drogas é feito a qualquer hora do dia. A cola e o tiner são os mais usados. Mas o crack também é uma realidade.

Com excessão de alguns casos onde a tragédia se deu num ambiente familiar relativamente constituído e de pessoas com certa condição social, o que sobra (e é a grande maioria) é tratado no coletivo. Essas micro-tragédias de pessoas já "invisíveis" socialmente, é colocada num único bolo. Logo, não se vislumbra uma mudança a curto ou médio prazo.

Mas talvez (e aqui entra a esperança "que nos move") seja possível criar condições melhores com a influência certa. A informação nesse caso é essencial. Ela dá subsídios, ou mesmo traz o medo, faz refletir, avisa.

No caso das drogas, essa informação, esse aviso, algumas vezes é melhor percebido quando vindo daqueles diretamente ligados a essa tragédia social e de saúde pública: um drogado (para saibamos onde aquilo pode levar), um familiar (para termos alguma noção, mesmo que distante, da tristeza e dor que pode causar), ou um traficante minimamente coinsciente das causas e efeitos de seu "ofício" (para mostrar um pouco do sua visão sobre o produto e mercado consumidor).

Tomei conhecimento de um dessas oportunidades de esclarecimento através de um artigo de Zuenir Ventura para o jornal O Globo, publicado em 07 de Novembro de 2009 e entitulado "Quem vende sabe"



O artigo de Ventura cita uma entrevista com um traficante, feita pelo membro do AfroReggae, José Júnior. Assista abaixo e se liga na real!

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