Já são quase 12 anos
Não me lembro bem o dia. Se era um dia de sol ou chuvoso, se estava triste, sério, alegre, são aspectos que não marcaram. Mas uma coisa é certa, eu estava preocupado. Mudanças haviam ocorrido e um espectro de desnorteamento pairava sobre mim. Recebi a proposta, corri o risco, mudei. E cá estou, após quase 12 anos, comunicando que correrei outro risco, não por uma proposta, mas por uma possibilidade que se apresenta.
Era então 1997, tinha 18 anos, muitos medos, medos que ainda tenho. Mas com o passar dos anos você vê coisas, acumula a tal vivência, experiência talvez. E o medo cresce, juntando-se aos medos do passado que ainda persistam. Bom, esse foi meu caso.
Uma coisa eu descobri ao longo desse tempo. O ser humano é um ser social, coletivo, dentre outras razões, por necessidade. Digo isso, pois foram anos de solidão. Muitos argumentam que “deve ser bom” trabalhar sozinho. Balela. Viva isso e tire suas conclusões! Mas experimente um período razoável, digamos, de cinco anos. Lembre-se de que não será um autônomo. Haverá uma relação empregatícia, uma empresa, com patrões aos quais deverá responder e prestar contas além de funcionários que serão seus “colegas”. Porém, estará isolado, anos e anos.
Se já não o era, me tornei uma pessoa estranha. Fora do padrão, pelo menos do que vejo. Sociável, mas com certa insegurança social. Como um náufrago que ficou um longo período isolado, lutou para manter a sanidade e, em momentos, sucumbi aos efeitos da solidão. Só que minha ilha é minha estação de trabalho, um escritório, onde posso (devo, pois sou funcionário, com horários e obrigações) chegar, e sair.
O salário não é remédio que possa tratar os efeitos desses momentos. E ele é bom, acima da média. Mas ineficaz, percebi com o tempo. O bom caráter e índole, além do humanismo no tratamento, dos patrões, também não bastam para apaziguar a angustia dos muitos momentos de ócio e do sentimento de abandono. Oito horas diárias de um naufrágio pessoal, onde não se evolui; só se estagna e se entristece.
A frase “gostaria de ficar sozinho” sempre deveria ser sucedida por “por uns breves momentos”. Assim como “me deixe em paz” deveria sempre pedir um “mas não me deixe só”.
Com certeza esse não seria o único motivo, mas um bom motivo e, neste caso, o principal. Por isso, saio. Me retiro da ilha. Decido trilhar novos caminhos, um novo risco. Sempre preocupado com as responsabilidades que a “vida de adulto” nos impõe. Experimentarei, após muitos anos, as relações humanas, o dia-a-dia, as alegrias e tristezas, as facilidades e dificuldades, os riscos, novos riscos. Mas não estarei sozinho, se bem que algumas solidões ocorrem em meio à multidão. No entanto, este será, essencialmente, um caminho diferente. Para os que associam salário com ascensão, estarei fazendo uma regressão. Loucura? Não, loucura é o resultado do isolamento. E, afinal, por vezes a regressão se faz necessária para que passos adiante possam ser dados com segurança.
Por isso, eu saio. Mais incertezas, dúvidas, medos, riscos. Nada mais humano. É a vida!
Não me lembro bem o dia. Se era um dia de sol ou chuvoso, se estava triste, sério, alegre, são aspectos que não marcaram. Mas uma coisa é certa, eu estava preocupado. Mudanças haviam ocorrido e um espectro de desnorteamento pairava sobre mim. Recebi a proposta, corri o risco, mudei. E cá estou, após quase 12 anos, comunicando que correrei outro risco, não por uma proposta, mas por uma possibilidade que se apresenta.
Era então 1997, tinha 18 anos, muitos medos, medos que ainda tenho. Mas com o passar dos anos você vê coisas, acumula a tal vivência, experiência talvez. E o medo cresce, juntando-se aos medos do passado que ainda persistam. Bom, esse foi meu caso.
Uma coisa eu descobri ao longo desse tempo. O ser humano é um ser social, coletivo, dentre outras razões, por necessidade. Digo isso, pois foram anos de solidão. Muitos argumentam que “deve ser bom” trabalhar sozinho. Balela. Viva isso e tire suas conclusões! Mas experimente um período razoável, digamos, de cinco anos. Lembre-se de que não será um autônomo. Haverá uma relação empregatícia, uma empresa, com patrões aos quais deverá responder e prestar contas além de funcionários que serão seus “colegas”. Porém, estará isolado, anos e anos.
Se já não o era, me tornei uma pessoa estranha. Fora do padrão, pelo menos do que vejo. Sociável, mas com certa insegurança social. Como um náufrago que ficou um longo período isolado, lutou para manter a sanidade e, em momentos, sucumbi aos efeitos da solidão. Só que minha ilha é minha estação de trabalho, um escritório, onde posso (devo, pois sou funcionário, com horários e obrigações) chegar, e sair.
O salário não é remédio que possa tratar os efeitos desses momentos. E ele é bom, acima da média. Mas ineficaz, percebi com o tempo. O bom caráter e índole, além do humanismo no tratamento, dos patrões, também não bastam para apaziguar a angustia dos muitos momentos de ócio e do sentimento de abandono. Oito horas diárias de um naufrágio pessoal, onde não se evolui; só se estagna e se entristece.
A frase “gostaria de ficar sozinho” sempre deveria ser sucedida por “por uns breves momentos”. Assim como “me deixe em paz” deveria sempre pedir um “mas não me deixe só”.
Com certeza esse não seria o único motivo, mas um bom motivo e, neste caso, o principal. Por isso, saio. Me retiro da ilha. Decido trilhar novos caminhos, um novo risco. Sempre preocupado com as responsabilidades que a “vida de adulto” nos impõe. Experimentarei, após muitos anos, as relações humanas, o dia-a-dia, as alegrias e tristezas, as facilidades e dificuldades, os riscos, novos riscos. Mas não estarei sozinho, se bem que algumas solidões ocorrem em meio à multidão. No entanto, este será, essencialmente, um caminho diferente. Para os que associam salário com ascensão, estarei fazendo uma regressão. Loucura? Não, loucura é o resultado do isolamento. E, afinal, por vezes a regressão se faz necessária para que passos adiante possam ser dados com segurança.
Por isso, eu saio. Mais incertezas, dúvidas, medos, riscos. Nada mais humano. É a vida!
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