quinta-feira, abril 03, 2008

Estudar? Pra quê?

- Não pude fazer (faculdade) em um primeiro momento porque não tinha condições, em um segundo momento porque eu estava cansado, em um terceiro momento porque virei dirigente sindical, em um quarto momento porque virei presidente do PT, e em um quinto momento porque virei presidente da República. Quem sabe em um sexto momento, quando eu não for mais nada, eu possa concluir, através da Universidade Aberta, o meu diploma universitário.

Luiz da Silva a uma platéia de trabalhadores
rurais na inauguração do auditório da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Fonte: O Globo Online

Taí algo que não gostaria que minha irmãzinha lesse. Mas provavelmente conversarei com ela. Exemplos negativos também são... exemplos. Ainda mais quando a declaratice parte do presidente da República. Eu costumo dizer que ele é um cara persistente. Prestou concurso público e foi reprovado três vezes. Na quarta obteve pontuação que o permitiu ingressar no cargo. E que cargo! Renovou quatro anos depois. Agora diz que não teve tempo de concluir faculdade. Isso me lembra ter assistido pela TV alguns cidadãos com curso superior na fila para o concurso de gari no Rio.

É Luiz da Silva. A vida é difícil mesmo para quem cursa a universidade. Fez um bom negócio com o concurso público para um cargo tão legal, bem remunerado e com aposentadoria garantida em quatro (ou oito) anos e, saindo, ainda terá direito a funcionários pagos pelo Estado e outros benefícios. Sujeito malandro!

Mas peço: limite-se a ser presidente da República ao subir nos tantos palanques de suas tantas viagens. Clique aqui para ver algumas atribuições de seu cargo. Por favor, não louve sua falta de vontade, preguiça, ou mesmo sua falta de interesse em cursar uma universidade. Ou mesmo a desculpa de uma outra atuação (se isso vira regra ninguém estuda mais). Veja quantas pessoas, de várias idades, trabalham e estudam. Algumas em mais de um emprego, viajando longas distâncias, acordando de madrugada. Nada disso é desculpa para essas pessoas. Mas parece que é para Vossa Excelência.

Será que não vê a contradição entre seu discurso chulo e os projetos de reforma universitária? E ao mesmo tempo um certo desrespeito com aqueles que buscam (por percepção própria do significado ou por exigência direta da sociedade/mercado) um curso superior.

Não relaciono o fato de ter curso superior à competência para governar. Para isso basta se cercar de súditos interesseiros e lacaios comprometidos com seus bolsos e o poder. Mas deveria ser obrigação de todo mandatário do país incentivar o aprendizado progressivo, o desenvolvimento intelectual, o estudo, o pensamento crítico (Ops, esse último não deve ser de seu interesse).

Por mais que as universidades estejam sucateadas, ou as dificuldades que formados têm no mercado, devemos ser estimulados a estudar. O desinteresse por instituições de ensino começa assim. Do alto, e de baixo. E nasce circulo vicioso, em detrimento de um ciclo virtuoso que ajudaria mudar o que vemos atualmente. Uma merda!


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