Até as 18 horas
Desde a semana passada testemunho os preparativos e manifestações que acompanham as eleições de Chapa do sindicato dos petroleiros, em frente à sede da Petrobras (o famoso EDISE). Chapa 1 e Chapa 2 num incessante bate-boca, sempre do meio-dia às duas horas da tarde, aproximadamente. Já escrevi uma vez sobre essas manifestações em frente à sede da maior empresa brasileira. Aproveitam o período de almoço de modo a conseguir a atenção dos trabalhadores. O que sempre vejo (o escritório tem vista para o prédio) são pessoas saindo e passando direto, indo para longe daquela gritaria, a maioria usando a saída lateral.
Não critico o sindicalismo. Têm seu mérito apesar de toda a bandalheira que é noticiada, com desvios, gastos sem controle, liberdade para receber dinheiro dos trabalhadores sem serem obrigados a prestar conta. Têm seu mérito, pois conseguiram conquistas importantes para os trabalhadores. Mas vejo que atualmente não há engajamento, os trabalhadores ficam focados em suas tarefas específicas dentro das empresas, não querem envolvimento em questões políticas. Desgosto? Medo? Segurança na situação atual, de certa forma leiga no que diz respeito à relação sindicato-trabalhador.
O caso da Petrobras espelha bem isso. Nem todos são sindicalizados e, pelo que ouço nos estridentes alto-falantes, até agora (hoje é o último dia de votação) a maioria dos sindicalizados não votou. Não são obrigados.
Talvez se o cidadão comum não fosse obrigado por lei a comparecer nas eleições bianuais (e em possíveis consultas públicas oficiais) também não iriam. Acho que o sentido de participação, de cidadania, acaba sendo espantado pela mediocridade das campanhas políticas. E também por uma educação que não prima pela união, pelo bem- estar coletivo, pela crítica, pela atuação de um em prol da coletividade e vice-versa. Ao contrário, parece visar a ignorância. Talvez por isso o voto seja ainda obrigatório. Contam com os votos daquele que foram “criados” para ignorar. Mas isso é outra história, ou não.
Bem, essa mediocridade que falei a pouco é o que vejo (e ouço, ah como ouço) nessas eleições a que aqui me refiro. Baixo nível total. As discussões chegam a questões pessoais. Ok, algumas propostas são apresentadas, analisam a atual situação, criticam, etc. Mas a maior parte do tempo, principalmente entre ontem e hoje, foi quase insuportável. Brigas verbas, verborragias ofensivas ao português (coloquial que seja), e sem esconder suas afinidades partidárias... Acho que deveriam rever a forma de relação com o trabalhador, pois o que é feito agora assusta, afasta, quando não, enoja. As possíveis benesses que tenham sido conquistadas pela instituição em prol dos trabalhadores ficam ofuscadas pela forma com que se expressam aqueles que, teoricamente, lutam (eis uma expressão largamente usada) pela “classe operária” (sic). Como em um palanque, lembram os crápulas que ocupam postos públicos em Brasília, nos estados, nas cidades.
É isso, passa de duas da tarde. O horário eleitoral gratuito e barulhento acabou. Silêncio. Só o som da chuva e do vento. Paz. Talvez, até as 18 horas, mais sindicalizados resolvam votar.
Desde a semana passada testemunho os preparativos e manifestações que acompanham as eleições de Chapa do sindicato dos petroleiros, em frente à sede da Petrobras (o famoso EDISE). Chapa 1 e Chapa 2 num incessante bate-boca, sempre do meio-dia às duas horas da tarde, aproximadamente. Já escrevi uma vez sobre essas manifestações em frente à sede da maior empresa brasileira. Aproveitam o período de almoço de modo a conseguir a atenção dos trabalhadores. O que sempre vejo (o escritório tem vista para o prédio) são pessoas saindo e passando direto, indo para longe daquela gritaria, a maioria usando a saída lateral.
Não critico o sindicalismo. Têm seu mérito apesar de toda a bandalheira que é noticiada, com desvios, gastos sem controle, liberdade para receber dinheiro dos trabalhadores sem serem obrigados a prestar conta. Têm seu mérito, pois conseguiram conquistas importantes para os trabalhadores. Mas vejo que atualmente não há engajamento, os trabalhadores ficam focados em suas tarefas específicas dentro das empresas, não querem envolvimento em questões políticas. Desgosto? Medo? Segurança na situação atual, de certa forma leiga no que diz respeito à relação sindicato-trabalhador.
O caso da Petrobras espelha bem isso. Nem todos são sindicalizados e, pelo que ouço nos estridentes alto-falantes, até agora (hoje é o último dia de votação) a maioria dos sindicalizados não votou. Não são obrigados.
Talvez se o cidadão comum não fosse obrigado por lei a comparecer nas eleições bianuais (e em possíveis consultas públicas oficiais) também não iriam. Acho que o sentido de participação, de cidadania, acaba sendo espantado pela mediocridade das campanhas políticas. E também por uma educação que não prima pela união, pelo bem- estar coletivo, pela crítica, pela atuação de um em prol da coletividade e vice-versa. Ao contrário, parece visar a ignorância. Talvez por isso o voto seja ainda obrigatório. Contam com os votos daquele que foram “criados” para ignorar. Mas isso é outra história, ou não.
Bem, essa mediocridade que falei a pouco é o que vejo (e ouço, ah como ouço) nessas eleições a que aqui me refiro. Baixo nível total. As discussões chegam a questões pessoais. Ok, algumas propostas são apresentadas, analisam a atual situação, criticam, etc. Mas a maior parte do tempo, principalmente entre ontem e hoje, foi quase insuportável. Brigas verbas, verborragias ofensivas ao português (coloquial que seja), e sem esconder suas afinidades partidárias... Acho que deveriam rever a forma de relação com o trabalhador, pois o que é feito agora assusta, afasta, quando não, enoja. As possíveis benesses que tenham sido conquistadas pela instituição em prol dos trabalhadores ficam ofuscadas pela forma com que se expressam aqueles que, teoricamente, lutam (eis uma expressão largamente usada) pela “classe operária” (sic). Como em um palanque, lembram os crápulas que ocupam postos públicos em Brasília, nos estados, nas cidades.
É isso, passa de duas da tarde. O horário eleitoral gratuito e barulhento acabou. Silêncio. Só o som da chuva e do vento. Paz. Talvez, até as 18 horas, mais sindicalizados resolvam votar.
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