Mundo globalizado? Nem tanto!
Estava a pouco lendo o artigo de Howard W. French, publicado hoje na seção Africa & Middle East do International Herald Tribune. O artigo, intitulado “African nations excluded from global discourse” (Nações africanas excluídas do discurso global) fala do isolamento intelectual que ocorre na África, relacionando isso como um obstáculo ao desenvolvimento e a globalização. O autor conta suas experiências recentes em Malauí, país do sudeste africano. Dentre outras coisas, French fala sobre as dificuldades de acesso a internet, com preços exorbitantes para malauianos e, segundo ele, mesmo para os estrangeiros. Outro fato que ele cita, e que particularmente me chama atenção, diz respeito às dificuldades que ele encontrou em achar uma livraria. As diversas pessoas para as quais ele pediu a informação sempre apontavam para a mesma livraria, cuja principal atividade, parecia ser a de papelaria, estando à venda de parcas publicações relegada a um segundo plano. A população de Malauí é estimada em mais de 16 milhões de pessoas.
O episódio de Malauí vai de encontro a um caso recente que vivi ao pedir a um amigo que trabalha em Luanda (Angola) para comprar um livro, inicialmente do historiador congolês Elikia M’bokolo (África Negra - História e Civilizações) editado em português em 2003, mas não publicado no Brasil, o que se mostrou impossível; e depois, por indicação de livreiro angolano, o livro “História da África Negra” do burquinense Joseph Ki-Zerbo, faleceu em dezembro passado. Este último, adquirido a preço alto num vendedor de rua. Ambos os autores são de grande importância intelectual e respeitados mundialmente. Seus trabalhos são referências para quem quer realmente estudar a África, procurando entender diversos aspectos daquele continente, em especial a chamada África negra, ou subsaariana. É triste confirmar que na África, objeto de estudo de ambos, suas publicações são raridades.
O isolamento, pelo que vejo, não se reflete apenas no aspecto global, como bem analisa o artigo Howard French, mas também internamente. Um país ou um continente (ou mesmo uma pessoa) deve saber sua história, entender o que houve no passado, ou pelo menos analisar tais questões, estudar, para então perseguir seu desenvolvimento, de forma natural.
Howard inicia seu artigo com uma reflexão sobre o mundo estar ficando pequeno, clichê básico ao se falar sobre globalização. Mas também observa que na África, a globalização de nossa imaginação é apenas isso – algo imaginário.
Estava a pouco lendo o artigo de Howard W. French, publicado hoje na seção Africa & Middle East do International Herald Tribune. O artigo, intitulado “African nations excluded from global discourse” (Nações africanas excluídas do discurso global) fala do isolamento intelectual que ocorre na África, relacionando isso como um obstáculo ao desenvolvimento e a globalização. O autor conta suas experiências recentes em Malauí, país do sudeste africano. Dentre outras coisas, French fala sobre as dificuldades de acesso a internet, com preços exorbitantes para malauianos e, segundo ele, mesmo para os estrangeiros. Outro fato que ele cita, e que particularmente me chama atenção, diz respeito às dificuldades que ele encontrou em achar uma livraria. As diversas pessoas para as quais ele pediu a informação sempre apontavam para a mesma livraria, cuja principal atividade, parecia ser a de papelaria, estando à venda de parcas publicações relegada a um segundo plano. A população de Malauí é estimada em mais de 16 milhões de pessoas.
O episódio de Malauí vai de encontro a um caso recente que vivi ao pedir a um amigo que trabalha em Luanda (Angola) para comprar um livro, inicialmente do historiador congolês Elikia M’bokolo (África Negra - História e Civilizações) editado em português em 2003, mas não publicado no Brasil, o que se mostrou impossível; e depois, por indicação de livreiro angolano, o livro “História da África Negra” do burquinense Joseph Ki-Zerbo, faleceu em dezembro passado. Este último, adquirido a preço alto num vendedor de rua. Ambos os autores são de grande importância intelectual e respeitados mundialmente. Seus trabalhos são referências para quem quer realmente estudar a África, procurando entender diversos aspectos daquele continente, em especial a chamada África negra, ou subsaariana. É triste confirmar que na África, objeto de estudo de ambos, suas publicações são raridades.
O isolamento, pelo que vejo, não se reflete apenas no aspecto global, como bem analisa o artigo Howard French, mas também internamente. Um país ou um continente (ou mesmo uma pessoa) deve saber sua história, entender o que houve no passado, ou pelo menos analisar tais questões, estudar, para então perseguir seu desenvolvimento, de forma natural.
Howard inicia seu artigo com uma reflexão sobre o mundo estar ficando pequeno, clichê básico ao se falar sobre globalização. Mas também observa que na África, a globalização de nossa imaginação é apenas isso – algo imaginário.
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