segunda-feira, janeiro 14, 2008

Um domingo interessante

A prova

Acorda-se cedo. É dia de concurso público. Emprego bom, aparentemente estável. Ao contrário da vida, pura instabilidade. Incoerência, pois somente se trabalha estando vivo (que me perdoem os espíritas). São sempre muito semelhantes as provas de concurso público, seja para emprego ou vestibular. Pessoas preocupadas, camelôs bem informados sobre o uso de caneta esferográfica de tinta preta, mães rezando terço à espera do término da avaliação. É uma aposta, um investimento, um vislumbre de um futuro melhor. Para o camelô, para os familiares, para o concursando.

Na sala, mesmo com ar ligado, suor, incomodo. Desconforto. Sorrisos nervosos. Pessoas novas e não tão novas. Apostas. Algo está em jogo. Alguns acabam cedo. Cedo demais. Desistência. Derrota? Alguns falam sozinhos. Perguntam a hora. Como se o relógio de suas vidas estivesse programado para despertar em quatro horas. Cabeças abaixadas, como em penitência. Acertos, erros, arrependimentos, suposições, expectativas, conseqüências. O resultado virá. É torcer.

A passarela

É carnaval. Os ensaios do grupo especial se tornam, assim como os blocos, a maneira mais democrática de curtir a festa popular. Uma multidão caminha em direção às arquibancadas. Acessos e lugares concorridos. Hoje é livre. É apenas um ensaio, mas todos levam à sério. Sambódromo lotado. Uma visão única. Um momento extraordinário: a bateria sai do recuo e passa em frente. Lindo. O surdo marca, a escola passa, é mais um samba, é Carnaval.

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