quarta-feira, setembro 26, 2007

Em Angola…

… acontece o III Encontro Internacional de História de Angola, no Centro de Convenções de Talatona, em Luanda. Tendo começado ontem (25), o evento que vai até sexta-feira (28) reúne dezenas de especialistas de Angola e diversos outros países da África, América e Europa, não exclusivamente historiadores, mas também sociólogos, antropólogos, geógrafos, especialistas em literatura, dentre outros. Os temas são "Questões da Historiografia de Angola", "Povoação, Migrações, Formações Políticas e sua evolução", "O Impacto das Relações com o Novo Mundo. O tráfico de Escravos", além de "História Geral de Angola: Contribuição do Reino do Congo".

Tendo em vista a história recente não só de Angola, como também do continente africano, o evento torna possível uma integração dos estudos nacionais (de angola) e estrangeiros sobre o país dentro do contexto africano, como ex-colônia recentemente independente de Portugal, e também do mundo globalizado.

Numa reportagem do Jornal de Angola, o ministro da Cultura angolano, Boaventura Cardoso, comenta sobre o evento e cita os arquivos, com locais ainda pouco visitados. Aqui entra com certeza a questão do acesso. Não somente as condições de acessos aos citados arquivos, mas também a cultura de acesso. Uma revisão histórica e historiográfica passa necessariamente pela consulta aos arquivos, pela investigação documental. Recuperando-se, não no sentido da integridade física, mas sim trazendo para o presente, para o contexto atual do país, documentos (e informações) esquecidos, ignorados. Isso não acontece somente lá. Espero que dê bons frutos.

Um comentário:

Alex Amaral disse...

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História do país deve ser reconstruída, afirma historiador

Luanda, 27/09 – O historiador angolano, Camilo Afonso, defendeu quarta-feira em Luanda, a necessidade de se reconstruir a história do pais através da investigação e de uma releitura do arquivo histórico já existente, exaltando os factos angolanos e as figuras históricas da resistência de Angola.

Camilo Afonso que esta a fazer uma pesquisa sobre as resistências africanas à penetração europeia entre fim do século XIX- e principio do XX, principalmente no caso do sul de Angola, sublinhou a necessidade de se reinterpretar a história escrita pelos portugueses na altura da colonização.

O historiador afirma que tem feito uma releitura naquilo que os portugueses escreveram e afirmou que na altura eles tinham uma ideologia própria de exaltar os seus factos históricos, fundamentalmente os militares.

Mas eles, continuou, também sofreram grandes derrotas que nunca divulgavam, mas havia sempre algum participante ou alguém com conhecimento do facto que o fazia como por exemplo na colonização do sul de Angola.

O historiador afirmou que existem relatos encobertos de alguns autores sem preconceitos que fazem crer que na realidade existiram vitórias dos angolanos na época como no caso da batalha do Vau do Pembe e da vitória dos Mucumbis, aquando da morte do conde de Amoster.

Os angolanos, ressaltou, devem procurar estes documentos e divulgá-los para que todos saibam o que se passou nas lutas de resistência.

Disse ser necessário apresentar os lideres angolanos da forma como foram vistos por exemplo pelos alemães, afirmando o rei Mandume, que em Angola é apresentado como se fosse um selvagem, na Namíbia é uma figura digna que se vestia a rigor.

Explicou que depois da conferencia de Berlim, no sul de Angola já havia população com conhecimento da forma do relacionamento dos portugueses com os africanos, por isso, precaveram-se reunido armas de fogo que chegavam na região na altura do final do trafico de escravos.

Portanto, prosseguiu, os Nhumbi, Cahamas e os Ombadja já manejavam armas portuguesas modernas por isso conseguiram fazer frente aos portugueses.

Segundo Camilo Afonso, hoje, os portugueses já não conseguem fazer referencia ao Vau do Pembe por causa da grande derrota sofrida em 1905.

Disse existir muita documentação sobre o sul de Angola, fundamentalmente a partir dos Ombadja, Nganbwe, os Nkhumbi e os Cahamas. Camilo Afonso afirmou que durante a sua pesquisa que iniciou em 1990 encontrou também testemunhos de portugueses que foram feitos prisioneiros pela Alemanha, numa batalha no sul de Angola, em 19914.

Estas pesquisas estão a ser feitas em arquivos de Angola, Portugal e Namíbia e através de algumas fontes orais do estado de Ombadja, no sul de Angola.

http://www.angolapress-angop.ao/noticia.asp?ID=563177

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