Ah, o Metrô
Acordo. Tomo café, tomo banho, me “ajeito”. Durante o café ainda rola um jornalzinho matinal. Do tipo televisivo, muitas vezes perturbador, tragédias, previsões para tudo: economia, política, clima, trânsito, esporte… Vez por outra troco a telinha pelas rádios. A mesma coisa, acrescentando o horóscopo e a novela. Mais previsões. Sempre a mesma coisa. Trágicas, engraçadas, preocupantes, supérfluas. Lembro de um livro do Bukowski; não me recordo o nome. Mas ele comentava, num de seus contos um tanto autobiográficos, que, ao acordar, baixava para calçar os sapatos e pensava “oh, deus todo poderoso, o que vem agora?”. Os jornais, as rádios, as notícias, as previsões. Saio. Desço. Bom dia porteiro! Por vezes a gentileza, que deveria ser algo normal, parece uma “forçação de barra”. Meu ‘bom dia’ é sincero. Sei disso. Não espero recíproca verdadeira. É melhor assim. Fazer o quê? Ando. Ando. Espero. O sinal fecha (ou não). Atravesso. Ah, o Metrô. Com bilhete sigo direto. Algumas vezes compro. Fila. Espero. Bom dia! Por favor… Sempre a mesma coisa. O normal soa anormal. Força-se a barra. Pego e sigo. Passo. Desço. Espero. Vejo que sempre estou no mesmo lugar, ou quase. Costume? Monotonia? Cotidianismo? Ele vem. Vamos lá. Ou melhor, eu vou. Transporte coletivo, sinônimo de individualismo. Cada um na sua. Eu fico na minha. Segue, para, mais seres humanos (?). Entram. Saem. Enfim… Desço. Ali vejo a disputa. Para muitos a primeira do dia. Eles seguem olhando, mas sem ver. Alguns se esbarram. Alguns esperam. Não gostam da disputa. Nem a percebem. Têm tempo. Aguardam. O objetivo dos outros, maioria, é chegar primeiro. Acionar a escada rolante. Ah, que vitória! Sou o primeiro… devem pensar… pelo menos aqui. Prefiro a escada convencional. É curta. Sou sedentário, como a maioria ali. Penso que isso me fará viver (?) uns minutos além do que é… Sei lá. Uma hora aqui, noutra não. Mas estou no Metrô. Quero sair. Quero me livrar dessa etapa da minha vida… até amanhã… se der. Elas sobem… de escada rolante, no esforço da convencional. Olho para o lado, para frente. Engraçado. Não penso nas de trás. Perdedores. Somos todos, de certa forma. Vida de gado. Todos marcados. Todos fazendo parte de uma única massa. Todos indo para o abate. E como seguem. Apressados, monótonos, inconscientes. Seres andantes. Saio. Todos saem. Esse é um dos objetivos. Ando. Espero. Mais um sinal que parece dizer “pense antes de atravessar”. Ele espera minha decisão. Simplesmente sigo. Chego. Mais uma espécie de Metrô. Mais seres. Espero. Entro. Ele sobe levando todos os seres. Cada um para sua estação, imposta, escolhida. Saio. Sigo. Abro. Seria uma escolha? Mais uma. Entro. Abatido. Ah, o Metrô.
Acordo. Tomo café, tomo banho, me “ajeito”. Durante o café ainda rola um jornalzinho matinal. Do tipo televisivo, muitas vezes perturbador, tragédias, previsões para tudo: economia, política, clima, trânsito, esporte… Vez por outra troco a telinha pelas rádios. A mesma coisa, acrescentando o horóscopo e a novela. Mais previsões. Sempre a mesma coisa. Trágicas, engraçadas, preocupantes, supérfluas. Lembro de um livro do Bukowski; não me recordo o nome. Mas ele comentava, num de seus contos um tanto autobiográficos, que, ao acordar, baixava para calçar os sapatos e pensava “oh, deus todo poderoso, o que vem agora?”. Os jornais, as rádios, as notícias, as previsões. Saio. Desço. Bom dia porteiro! Por vezes a gentileza, que deveria ser algo normal, parece uma “forçação de barra”. Meu ‘bom dia’ é sincero. Sei disso. Não espero recíproca verdadeira. É melhor assim. Fazer o quê? Ando. Ando. Espero. O sinal fecha (ou não). Atravesso. Ah, o Metrô. Com bilhete sigo direto. Algumas vezes compro. Fila. Espero. Bom dia! Por favor… Sempre a mesma coisa. O normal soa anormal. Força-se a barra. Pego e sigo. Passo. Desço. Espero. Vejo que sempre estou no mesmo lugar, ou quase. Costume? Monotonia? Cotidianismo? Ele vem. Vamos lá. Ou melhor, eu vou. Transporte coletivo, sinônimo de individualismo. Cada um na sua. Eu fico na minha. Segue, para, mais seres humanos (?). Entram. Saem. Enfim… Desço. Ali vejo a disputa. Para muitos a primeira do dia. Eles seguem olhando, mas sem ver. Alguns se esbarram. Alguns esperam. Não gostam da disputa. Nem a percebem. Têm tempo. Aguardam. O objetivo dos outros, maioria, é chegar primeiro. Acionar a escada rolante. Ah, que vitória! Sou o primeiro… devem pensar… pelo menos aqui. Prefiro a escada convencional. É curta. Sou sedentário, como a maioria ali. Penso que isso me fará viver (?) uns minutos além do que é… Sei lá. Uma hora aqui, noutra não. Mas estou no Metrô. Quero sair. Quero me livrar dessa etapa da minha vida… até amanhã… se der. Elas sobem… de escada rolante, no esforço da convencional. Olho para o lado, para frente. Engraçado. Não penso nas de trás. Perdedores. Somos todos, de certa forma. Vida de gado. Todos marcados. Todos fazendo parte de uma única massa. Todos indo para o abate. E como seguem. Apressados, monótonos, inconscientes. Seres andantes. Saio. Todos saem. Esse é um dos objetivos. Ando. Espero. Mais um sinal que parece dizer “pense antes de atravessar”. Ele espera minha decisão. Simplesmente sigo. Chego. Mais uma espécie de Metrô. Mais seres. Espero. Entro. Ele sobe levando todos os seres. Cada um para sua estação, imposta, escolhida. Saio. Sigo. Abro. Seria uma escolha? Mais uma. Entro. Abatido. Ah, o Metrô.
2 comentários:
Muito Bom alex, parabéns por sua percepção!!!
Vida de gado.
Povo marcado.
Povo feliz!
Ler seu diário é sempre um estímulo a reflexão.
Beijos
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