sexta-feira, dezembro 29, 2006

Primeiro, derruba-se o muro
Em tempos de ataques a ônibus, delegacias, cabines de polícias e até centros culturais discute-se que esse desastre social estaria relacionado com uma espécie de concorrência entre o tráfico e as milícias. Bem, como vemos, nessa licitação pública o Estado ficou de fora. Acho que levaram a idéia de Estado Mínimo longe demais. E quando esse mesmo Estado quer se fazer Máximo faz uso de ferramentas políticas imediatistas e eleitoreiras. Quando não ao calor das emoções com os atos que vemos recentemente no Rio, e que já vimos em SP neste mesmo ano. A meu ver isso não dá certo. É um ciclo vicioso que demanda coragem e boa vontade para rompê-lo.

O professor Hélio Santos, em seu livro “Busca de um Caminho para o Brasil” fala do que essas políticas públicas improvisadas, ao sabor do jogo político, causam a médio e longo prazo. Hoje podemos dizer que o efeito negativo pode se apresentar num prazo muito curto. É o Brasil excluído gritando. Mesmo em países com políticas sociais igualitárias, de inclusão, existem conflitos. O que há de se esperar de um país onde o Estado parece que se dedica em tempo integral a pensar em como aumentar o muro social, como impedir, excluir, separar?

O músico Max Gonzaga, até pouco tempo desconhecido deste humilde e ignorante blogueiro, tem uma música que considero uma aula de Ciências Sociais. Mostra não só a questão dos dois Brasis, mas também a relação ou a visão de um desses Brasis, aqui representado pela Classe Média, que dá título à música e pode ser baixada do site do artista.

Eu sou de Mesquita, apesar de não morar mais lá. Baixada Fluminense. Posso comparar o que vejo, o que já vi. Não se enganem: o muro existe. E o Brasil do lado de lá já começou a gritar.

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