domingo, dezembro 10, 2006

Muhammad Yunus
Hoje assisti, no Globo Rural, uma reportagem sobre uma fazenda no Ceará que se diferencia das convencionais basicamente por trabalhar com o que eles chamam de Agricultura Biodinâmica. A reportagem vocês poderão ler clicando aqui, mas uma das coisas que me chamou atenção foi o impacto social direto e indireto que negócio trouxe. Sim, é um negócio, e dos bons. Como poderão ver é uma multinacional americana, com faturamento mundial na casa dos bilhões. Mas voltando ao impacto social... Os empregados da fazenda recebem um tratamento infelizmente pouco praticado no Brasil, com salário, registro, segurança. Vinculam-se ao programa de alfabetização, na própria fazenda. Podem agora ter um padrão de vida que não imaginavam ter. Tudo isso se refletiu numa mudança naquela região, além de contribuir para algo pouco valorizado: o aumento da auto-estima daquelas pessoas.
Vocês devem se perguntar qual a relação disso com o título dessa postagem. A resposta é simples: a relação é a mudança de um status quo social pelo aumento da auto-estima de uma parcela da sociedade até então excluída.
Explicando melhor... Yunus, também conhecido como "o banqueiro dos pobres", de Bangladesh, é economista e recebeu hoje o Prêmio Nobel da Paz. Ele fundou o Banco Grameen que é pioneiro no microcrédito. O lance é fazer pequenos empréstimos para que as pessoas, grande parte mulheres, criem pequenos negócios que vão "da tecelagem de cestas à criação de galinhas". Esse negócio, relativamente simples, teve um resultado com certeza louvável: proporcionou desenvolvimento sustentável, de baixo para cima, tirando milhões de pessoas da miséria, devolvendo a auto-estima àquelas pessoas.
Fala-se mal do capitalismo, mas penso que esse sistema econômico pode ser utilizado para ajudar as pessoas de forma efetiva e real e não somente causar misérias, o que vem fazendo tão bem.
A inclusão talvez seja a chave para uma mudança, para que possamos quebrar esse ciclo vicioso.
O triste é ver o quanto nosso governo (não só o atual) gasta com subsídios agrícolas, enriquecendo ou garantindo o enriquecimento de muitos fazendeiros (muito deles políticos) que exploram seus funcionários, mantendo-os numa total exclusão (quando não em condições de trabalho escravo). Igualmente triste é ver o mesmo princípio sendo aplicado aos bancos privados.
Talvez agora vocês podem realmente perceber a relação que vejo entre o empreendimento do Ceará e o de Bangladesh.
Parabéns Muhammad Yunus!

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