O começo de algo
Por vezes, as construções irregulares só ganham importância após já estarem estabelecidas. Prédios construídos sem planejamento e desconsiderando questões de engenharia ou legalidade do empreendimento, casas em terrenos impróprios para edificações e, mais perceptível na cidade (Rio de Janeiro) as “comunidades” que vão surgindo onde antes havia floresta ou um espaço favorável.
Quando as autoridades decidem tomar conhecimento, já está tudo pronto, os imóveis ocupados, famílias estabelecidas, vivendo sua vida do jeito que vida dá.
É o momento das enxurradas de propostas para solucionar o grave problema que parece ter surgido de um dia para o outro. Espaço aberto para políticos aproveitadores, que usam o momento para estabelecer seu curral eleitoral (“vida de gado, povo marcado, povo feliz...”). Vale notar que tais ocupações contam com infra-estrutura (água, energia elétrica, etc.). Tudo simplesmente surgindo, do nada, de forma irregular (furto de água, energia e ligações clandestinas de esgoto) ou não.
O Estado, que deveria estabelecer e manter políticas e ações para coibir ocupações irregulares e cuidar do espaço urbano, algumas vezes surge com seu aparato para desfazer o que se fez sob seus olhos turvos. Conflitos, nesse momento não são raros. Ordens de despejo, polícia, famílias desesperadas, brigas, feridos... Tudo isso tem um começo. Começo ignorado e que pode ter desfecho trágico.
A foto acima mostra esse começo. Barracos foram construídos num terreno da Avenida Rodrigues Alves, próximo à Cidade do Samba (ao fundo). Só não vê quem não quer, e me parece que a atual gestão da município não tem interesse algum.