terça-feira, janeiro 23, 2007

Lei 10.639: será que vai pegar?

Ela foi sancionada em 9 de janeiro de 2003 pelo presidente Lula, numa de suas primeiras ações de seu primeiro mandato. Algumas leis pegam, outras não. Espero que esta lei, que institui a inclusão do “estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil” pegue. Lula já está no 2º mandato. A Lei está posta, mas parece que há uma resistência ou falta de vontade política (e social) para sua aplicação em todos os municípios do Brasil. É compreensível; afinal, cultura e educação não ganham voto. Ainda mais sendo afro-brasileiras.

Infelizmente foi preciso criar uma lei para que os estudantes brasileiros tivessem acesso a sua cultura, a sua história. História essa ora deturpada, ora ignorada, até ser esquecida. O resultado de tudo isso pode ser percebido no dia-a-dia; alguns não enxergam, outros simplesmente ignoram, mas o resultado está lá!

Outra barreira encontrada é a argumentação de escassez de professores aptos transmitirem tal conhecimento. O que demonstra outra falha grave: o conhecimento estagnado. E o mesmo conteúdo sendo repetido ad infinitum, eliminando-se assim o trabalho de pesquisa, o pensamento crítico, a busca por novas informações.

É preciso muita briga e disposição mesmo! E contra um produto formado ao longo de séculos.

Poucos sabem, mas existem algumas iniciativas para que a Lei seja cumprida. Exemplo disso é a representação feita pelo Instituto da Advocacia Racial e Ambiental (Iara) e outras entidades junto à Procuradoria Geral da República em 2006 para que fizessem valer a lei de 2003. Uma iniciativa anterior a essa foi o livro “Rompendo Silêncios: História da África nos Currículos da Educação Básica”, organizado pela “professora doutora em história da África Selma Pantoja e a mestre em educação e ex-deputada estadual pelo PT Maria José Rocha.” Quando tiver dados de obtenção informo aqui. Existem ainda outras ações no sentido de fazer valer a lei Lei 10.639.


Um passo importante foi dado em 2003, embora não tenha sido o único até então, é patente o seu valor. Se tal passo esbarra na inércia de governos locais (Estados e Municípios) para o cumprimento da lei, ou mesmo na resistência e preconceito de algumas pessoas com a cultura afro-brasileira e africana, então é preciso brigar. E o prêmio dessa luta é o conhecimento democrático, a quebra de paradigmas sociais, o respeito às diferenças (sociais, culturais, étnicas, etc.), a eliminação de estereótipos, o desenvolvimento e/ou resgate da auto-estima de boa parcela da população. Essa briga vale a pena!

As únicas pessoas que realmente mudaram a história foram as que mudaram o pensamento dos homens a respeito de si mesmos.” - Malcolm X

Um comentário:

Anônimo disse...

Não li na integra o artigo sobre a lei que obriga a ensinar história e cultura da África. Mas já faço isso há mais de 20 anos. Não é dos professores a falta de vontade politica. O que nós temos mesmo é falta de material decente (quero dizer, com uma visão não muito preconceituosa).
Mas que estamos tentanto superar essa dificuldade, lá isso estamos.
Cá prá mim, eu acho que essa lei faz mais demagogia do que realmente resgatar o respeito à cultura africana.
Como também é preconceito mal-disfarçado "reservar vagas" para afro-descendentes nas universidades. Por que isso? Eles precisam ser tratados como alguém diferente, com capacidade inferior aos seus irmãos brancos? Eu acho que não...
Desculpe o desabafo. Não sou afro-descendente, mas me parece que é mais uma forma de discriminação...

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