Biblioteca Comunitária Tobias Barreto de Menezes
A primeira vez que entrei na Biblioteca Nacional para fazer uma pesquisa, confesso que me senti intimidado. Toda aquela estrutura, beleza, procedimentos e segurança, me fizeram pensar “o que estou fazendo aqui?”. Com esse impacto, entrei de certa forma traumatizado em outra grande biblioteca, o Real Gabinete Português de Leitura, na qual, ao contrário do que esperava, me senti muito mais a vontade, livre, bem-vindo.
Com o estudo da Preservação em Arquivologia pude ter uma noção sobre os cuidados necessários que devemos ter os acervos e, com isso, posso entender um pouco a BN. No entanto, penso que a cultura, o conhecimento, devem ser acessíveis de forma ampla e democrática a população. E algumas vezes as políticas de preservação das instituições parecem ignorar um objetivo maior, o acesso.
Vi um curta metragem sobre Evando dos Santos, pedreiro e criador de uma biblioteca comunitária em seu bairro, Vila da Penha, e escritor. Já foi tema de um bate-papo em sala de aula onde discutíamos cultura erudita e popular. Como uma pessoa humilde, e sem o tão exigido conhecimento formal, pôde desenvolver um projeto de tão grande beleza, importância e impacto para a cultura. Uma biblioteca que é, antes de tudo, acessível.
As pessoas, ao entrar numa biblioteca (ou museu, ou centro cultural, etc), devem se sentir a vontade, bem-vindas, e não como se estivessem entrando numa loja de grife de um shopping famoso após trabalhar numa obra, com todos aqueles olhares repelentes. Enquanto as políticas de gestão das instituições culturais não incluírem o acesso e o considerarem em relação à maioria da população (com sua diversidade cultural, intelectual, econômica e sem acesso a internet), a cultura ficará restrita a poucos.
Para quem não conhece a história de Evando, eu indico a matéria de Elza Albuquerque no site do projeto UNICOM da Puc-Rio. Clique aqui.
O curta, dirigido por Anna Azevedo e cujo título é O Homem-Livro, pode ser visto no site Porta Curtas. Clique aqui.