Cá estou, em horário de almoço (isso, na verdade, não existe) no escritório. Sala de fundos, de cara para o que ficou conhecido como o "Triângulo das Bermudas" - local onde fica a sede da Petrobrás, o BNDES e o prédio do antigo BNH - pois é onde o dinheiro do Brasil desaparecia, dizem.
Pois bem, os protestos, como tenho percebido, são constantes. Algumas vezes fica difícil me concentrar no "trabalho". No princípio eu ficava curioso, mas agora parece que é normal, não é mais uma novidade.
Hoje, por exemplo, resolvi observar um pouco a manifestação de um dos sindicatos. A primeira coisa que reparo é o baixíssimo quórum de funcionários em frente ao famoso Edise, como é conhecido o Edifício Sede da Petrobrás. Alienação? "Sou terceirizado, não tenho nada com isso"? Falta de engajamento? Acomodação? Um direito (já que a associação é livre)? Sei lá! Mas centenas de funcionários saem para o almoço ou outras tarefas. A maioria pela lateral, isso fica claro; alguns pela portaria principal. Uns poucos param, depois seguem. A polícia, é claro, está presente.
Cada um que pede a palavra, pelo que ouço, é alertado sobre o limite de 3 minutos. Alguns usam poucos segundos para tentar gritar palavras de ordem (muitos sem sucesso), outros falam um pouco mais. É uma expressão democrática. A representatividade do trabalhador deve existir, tem sua importância. Aqui vejo uma manifestação constante, que faz uso de simbolismos como urna funerária, pessoas baixando as calças, e apitos, muitos apitos, simultâneamente às declarações dos que pedem a palavra. Uma cacofonia, uma miríade de sons que, no conjunto, se mostram, por vezes, inexpressívos, apenas incômodos. Mas são válidos. As reinvidicações fazem parte dos direitos dos trabalhadores. Devemos reinvindicar, brigar por nossos direitos, lutar por transparência e respeito nas relações trabalhistas.
Infelizmente a questão sindical parece ter tropeçado no corporativismo. O que, se por um lado fortaleceu a empresa sindicato, enfraqueceu o objetivo maior, que é a união dos trabalhares em prol do bem comum da categoria. A política, ou melhor, a politicagem, também contribui negativamente. Tenho lido sobre os projetos que envolvem a instituição Sindicato, como no caso da contribuição sindical. Muitos bradam contra o governo Lula, parecendo, assim como o próprio Luiz da Silva, padecerem de esquecimento agudo. Talvez, na euforia em eleger um "real representante do povo, do trabalhador", não consideraram o dia depois da eleição. Mas tudo bem, errar é humano.
Continuamos, então, bradando, gritando palavras de ordem, pedindo a palavra por 3 minutos... e, sempre que possível, arriando as calças.
Um comentário:
E assim segue a humanidade com apenas 3 minutos para desabafar!
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