sexta-feira, junho 06, 2008

Fátima, exemplo e contraste

Esses dias estranhei a ausência de Fátima Bernardes no Jornal Nacional. Hoje fiquei sabendo o motivo: uma cirurgia num dos seios. O site da Patrícia Kogut, no O Globo Online, publica um texto ditado por Fátima que, seguindo orientações médicas, deve evitar certos esforços. Leiam parte do texto abaixo.

(…) Na noite de 20 de maio, uma terça-feira, ao me preparar para dormir, notei uma manchinha quase transparente no sutiã - exatamente na direção do mamilo esquerdo. Era a quantidade de uma gotinha, não mais do que isso. Fiquei preocupada e liguei imediatamente para a minha ginecologista. Ainda bem. (…) Fui encaminhada a um especialista em ultra-sonografia, que notou a dilatação ductal (é este o nome do problema). No mesmo dia, quarta-feira, saí do ultra-som já com hora marcada num mastologista. O médico me examinou, avaliou todos os meus exames e me pediu outros tantos. Exames de sangue, ressonância magnética.
Na semana seguinte, já com os esses dados, o mastologista me explicou que tudo indicava se tratar de um problema benigno. Que havia uma multiplicação de células nos dutos, mas células "típicas". Isso é bom. Significa que as células não apresentavam anomalia nenhuma - e que esta é uma característica sinalizadora de benignidade. Mas o médico me explicou que, pelo sim pelo não, a indicação, em casos assim, é de extração dos dutos mamários para a análise patológica e para evitar futuras inflamações recorrentes na mama. E fui encaminhada ao meu clínico, que conduziu os exames de risco cirúrgico, sempre necessários antes de uma operação.
Na última quarta-feira, dia 4, em questão de 90 minutos, o médico extraiu os dutos mamários e o cirurgião plástico se encarregou de evitar que a mama ficasse com alguma seqüela estética. Voltei para casa no mesmo dia com um curativo - e a recomendação de evitar movimentos laterais com o braço esquerdo. Repouso e cuidado foram os conselhos básicos - que tenho cumprido religiosamente desde então. Já na noite da quinta-feira,dia 5, o resultado do exame patológico assegurou que o problema era benigno. Foi tudo muito rápido, preciso e oportuno.
(…) Clique aqui para ler a íntegra.

O simples ato de expor seu problema, os procedimentos, o medo, e tudo o mais, faz com que Fátima Bernardes seja um exemplo.

O contraste a que me refiro no título aparece quando comparamos todo o processo - de acompanhamento e ação de profissionais de saúde, com recursos para que, entre a percepção de algo diferente e a cirurgia, transcorresse apenas 15 dias - com a grande maioria da população feminina que fica a mercê do desserviço público de saúde.

Não se trata aqui de uma comparação rancorosa ou invejosa. Longe disso. O intuito é refletir, “Trocando uma idéia sobre tudo”. Admiro a profissional Fátima Bernardes e, apesar de não conhecê-la pessoalmente, me parece uma boa pessoa, merecedora de coisas boas, de saúde, de paz. O que sempre me chama atenção é que os recursos para detecção/diagnóstico e tratamento existem. Incluindo a boa vontade e competência profissional, a disponibilidade (por vezes o médico que atende no particular é o mesmo que atende no público). Será tão impossível que não possa haver o mesmo para todas as brasileiras? É bem provável, isso não ficou claro, que o tratamento tenha sido conduzido pela via particular. (*) E como comparações são inevitáveis, isso mostra, de forma categórica, toda a incompetência da gestão do sistema de saúde pública. Incompetência essa que é agravada pela política de ignorância promovida em todas as instâncias do poder público, pelo ranço de “servidor público” como sinônimo de mal servir, pela corrupção endêmica e impune, e por todo um processo que parece ter se enraizado de forma a nos fazer acreditar que é assim mesmo, essa é a vida…

Que a Fátima Bernardes se recupere rapidamente e volte a iluminar o telejornal da noite com sua presença. E torço também, assim como creio que ela torce, para que o bom atendimento, a competência, a diligência profissional e os recursos de análise/diagnóstico e tratamento sejam mais comuns.

(*) Algumas observações: Existem hospitais públicos considerados referência e reconhecidos internacionalmente; os recursos a que Fátima teve acesso em um provável hospital particular muito provavelmente custaram menos do que algumas porcarias ultrapassadas e superfaturadas que muitas vezes nem chegam a ser desembaladas para uso em hospitais públicos (corrupção, descaso, incompetência, impunidade, desumanidade); existem diplomados (não os consigo chamar de médicos, muito menos profissionais) que atendem muito bem em hospitais privados onde seus “clientes” são igualmente seus “iguais” e, nas horas que cumprem carga horária em unidades públicas de atendimento atuam como se estivessem lidando com “coisas” que não merecem atenção, nem educação, nem um olhar; que me desculpem os médicos e profissionais de saúde competentes e humanos, pois sei que existem, o que falo é de experiência própria, não é invenção.

Fátima foi diagnosticada como tendo uma dilatação ductal, que também é conhecida como ectasia ductal e pode ser definida como “a dilatação dos ductos terminais que ficam embaixo da aréola. A formação do nódulo doloroso geralmente ocorre em fases mais tardias, com ou sem retração da pele que circunda a aréola. Pode ocorrer também saída de líquido e inversão do mamilo. É uma doença mais comum em mulheres próximas à menopausa e que amamentaram. O tratamento é a retirada do tecido mamário envolvido se houver incômodo para a paciente.” Se possível, divulguem, pois considero importante conhecer.

Um comentário:

Anônimo disse...

Boa tarde!! Gostaria de saber se há causas relacionadas a essa doença "ectasia ductal", como, bebida, cigarro, anticoncepcionais ou outros... E qual o período de recuperação após a cirúrgia, eu estou com um caroço no seio direito e já foi constatado a doença, porém o meu está endurecido, é muito grave? Grata pelos esclarecimentos!!!

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