Alguém, o menino, o bandido...
...o povo, o sentimento...
...a realidade, o resultado, o cicloJá tiveram vontade de surrar, socar, quebrar, chutar, destruir algo ou alguém como forma de externar um sentimento de raiva, de revolta? E dar um basta em determinada situação a base da porrada? Eu já. Acredito que muitos também e penso que é algo inerente ao ser humano comum, com toda sua perfeita imperfeição. Até mesmo a incompreensão suscita tais pensamentos, quando não materializados em atos. Cólera, ira, ódio, vingança! Afinal, quem nunca cometeu um dos sete? Eu excluiria o Gandhi, pois este pregou a não-violência.
Não sou expert em animais, mas dizem que cachorros em geral ficam violentos por conta do dono. Já vi um cara chutando seu pitt-bull de estimação. Isso me lembra um filme dos anos 80 chamado “
Cão Branco”. Triste!
Então, o resultado desse “tratamento” é um cão que ataca sem motivos, ou com motivos irracionais aos nossos olhos. Com isso cria-se uma espécie de ciclo vicioso: o homem odeia o cão que odeia o homem que odeia o cão…
Esse ciclo vicioso, ou uma variação sutil dele, pode ser percebido em nosso dia a dia, na sociedade. Eu conheci a idéia de
ciclo ou círculo vicioso num contexto social através do livro do professor
Hélio Santos (
A Busca de um Caminho para o Brasil – A Trilha do Círculo Vicioso, Editora Senac - 2001 - 465 páginas).
Não gosto de chegar ao banco e encontrar “aqueles meninos” na porta pedindo “um trocado na saída”. Aliás, detesto aquela cena. Mas tenho consciência que aquilo é um reflexo de algo que vem sendo alimentado há muito tempo. É o ciclo vivo, para quem quiser ver (há os que nem olham).
Depois de toda essa volta, meus pouquíssimos, porém fiéis (sic) leitores devem estar se perguntando “onde o Alex tá querendo chegar dessa vez?”, além daqueles que já estão me taxando de maluco. Compreensível.
Pois, bem. O motivo é simples e ao mesmo tempo complicado e complexo, mas espero que vocês associem.
Essa semana eu vi de dentro do ônibus, quando estava indo para casa, algumas pessoas correndo atrás de alguém. Pelo que ficou claro naquele breve momento, alguém havia assaltado uma dessas pessoas na Avenida Rio Branco. Essas pessoas, então, corriam atrás de alguém. Conseguiram abordá-lo de encontro ao ônibus em que eu estava entre o sinal e o ponto de ônibus, num desses dias comuns de engarrafamento infernal. As pessoas então externaram toda sua raiva, indignação, incompreensão, angústia, ódio, revolta, em alguém. A sociedade dando um basta na violência, na barbárie. Os cidadãos, trabalhadores, se insurgindo contra o que não suportam mais. Era preciso bater em alguém para aplacar todo aquele sentimento. Vingança!
Como disse no início, como ser humano, também sou portador desse sentimento. Mas tenho me esforçado. Principalmente tendo a consciência dos resultados. Não quero contribuir mais para a manutenção desse status quo, desse ciclo. É preciso e quero rompê-lo!
Alguém cometeu um ato errado e, segundo nossas regras sociais (regidas por leis racionais, democráticas e justas… para alguns), merece ser penalizado. Alguém chorava, pedia, gritava. Alguém não parecia ter chegado aos 15 anos… talvez alguém não chegue. Brasil!