quinta-feira, agosto 29, 2013

Vandalismo político

Mais uma vez a Câmara dos Deputados debocha dos brasileiros. Protegidos pelo execrável voto secreto, os deputados inocentaram um bandido. O criminoso foi condenado pela Justiça e seus colegas deputados "disseram": a Justiça não importa nesta casa!

Nenhum sistema é perfeito. E não seria diferente com a Democracia. Isso mesmo, ela não é perfeita. Mas é coerente.  Isto é. Consideremos que entre nós, brasileiros, existem não apenas cidadãos inocentes e éticos, mas também culpados e corruptos. Consideremos que num sistema democrático pressupõem-se direitos iguais. Consideremos que um desses direitos é o de se candidatar a cargos públicos. Logo, seria coerente corrêssemos o risco de termos determinadas figuras indesejadas como nossos representantes.

Algo muito prezado em nossa imperfeita democracia é o direito de livre manifestação. E quando penso nos eventos recentes que ocorrem por todo o país, não posso deixar de fazer um paralelo com a recente vergonha a que os deputados nos sujeitaram quando cuspiram na cara da Justiça e da Ética.

Tenho criticado bastante a covardia de alguns ditos manifestantes (aliás, a imprensa deveria parar de chamar criminoso de manifestante... vândalo é criminoso!) quando escondem o rosto para, aproveitando-se de um ato de protesto por um Brasil melhor, depredam o patrimônio público e privado; cerceiam nosso direito de ir e vir; sujam as ruas espalhando lixo, ateando fogo; desacatam oficiais da segurança pública; vandalizam nossa cidade, vandalizam nossa cidadania e, mais que isso, vandalizam nossa já imperfeita democracia.

Dizem que esses marginais “protestam”, dentre outras coisas, contra a corrupção na política (como se ser corrupto fosse uma "doença" que acometesse somente quem ocupa cargo público). Pergunto: qual a diferença entre esses e aqueles sobre os quais falei acima? Se existe, são poucas. Vamos às similaridades.

O vândalo se esconde atrás de máscaras, cobram o rosto com camisas, lenços, etc.
Os políticos se escondem atrás do voto secreto.

O vândalo, quando os agentes de segurança pública conseguem prendê-los, pouco tempo ficam numa delegacia. Seus iguais se manifestam. Advogados aparecem.
Os políticos... idem.

O vândalo se acha no direito de fazer o que faz, justifica suas ações pelo bem da sociedade, se isola numa ética totalmente própria que obedece a seus interesses.
Os políticos... idem.

Então, vamos mantendo essa tal coerência em nossa imperfeita democracia, com as máscaras e o voto secreto, assim como aqueles que os usam como escudo, os vândalos e os políticos. Dois seres tão antagônicos e ao mesmo tempo tão parecidos, tão próximos em sua "maneira de ver o mundo".

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