Licença poética… A monótona mesmice cotidiana às vezes nos proporciona momentos, digamos, necessários.
A rotina a que me refiro ocorre, no meu caso, de segunda a sexta-feira dos dias úteis (serão os outros dias inúteis?). De casa para o trabalho, do trabalho para casa. Itinerário básico.
Sobre os momentos necessários… Há poucos dias, indo pra o trabalho, entro no ônibus e pensando não ter lugar vago, inicialmente permaneço de pé. Com mais atenção percebo um lugar vazio. Me sento. O ônibus é relativamente novo, com uma estrutura interna um pouco diferente. Um dos bancos duplos, por exemplo, é voltado para trás. Ocupo justamente um dos lugares nesse banco.
Olho a paisagem passando do lado de fora. E a rotina se quebra por alguns momentos.
O que vejo parece diferente do “normal”. São paisagens novas. Aquele parque não é o mesmo. Aquela rua, aquele monumento, aquela vista… A Praça Paris, na Glória, ganhou um novo contorno. Ao dobrar a Presidente Antonio Carlos e cruzar a Presidente Wilson, lá ao fundo o Cristo recebe meu olhar de braço aberto. Mais a frente o imponente prédio do Ministério da Fazenda ocupa toda a paisagem, embora mostre, em alguns detalhes, que vem sendo maltratado com descaso e mau gosto na indiscriminada instalação de aparelhos de ar condicionado. Mas continua forte, grandioso. E estamos na Primeiro de Março, e temos o Palácio Tiradentes, e o Paço, e a Antiga Sé…
Está tudo ali, como sempre. Mas tudo é novo.
Pode parecer simples. Uma bobeira mesmo, para alguns. Mas algumas vezes é preciso olhar o Rio de Janeiro com outros olhos. Algumas vezes é preciso olhar a vida por outros ângulos.
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