É notório que a Rede Globo e muitos dos chamados Globais – o
grupo, claro, é bem mais amplo - estão engajados numa campanha voltada para
mudança na política de combate às drogas. Minha percepção é que tal campanha
critica basicamente a repressão. O consumidor de drogas ilícitas não poderia
ser tratado como um criminoso (que é). A campanha trás histórias bem tristes, de
injustiças, de imperícia e morosidade judicial, para sensibilizar a opinião pública,
colocando a questão das drogas sob a ótica somente do dito consumidor eventual.
Aquele consumidor que, segundo eles, não faz mal a ninguém “cheirando seu pó ou
fumando sua maconha, na boa, na social…”. Tudo balela!
A reportagem recente sobre o consumo e a venda de drogas na
Lapa (algo conhecido de todos andam nas ruas) não enfatizou apenas o absurdo
que é o tráfico e o consumo de drogas numa área de lazer tanto para cariocas como
para turistas de todo o mundo. A reportagem focou bastante na ação (ou melhor,
na inação) do poder público, ali representado pelos policiais e guardas
municipais. Estes foram mostrados como os criminosos da história. Não são! Na
verdade, agentes da lei poderiam mesmo ser considerados, em alguns casos, uma
das vítimas.
Explico com uma de minhas analogias esdrúxulas… Imaginem um
escritor para o qual é dado papel e caneta. A função do escritor, que é pago
para executá-la, é… escrever. Só que o papel não pode ser tocado. Assim, vemos
lá o escritor olhando para o papel, para a paisagem, para a caneta…
Conseguem perceber? Estão cobrando a polícia para que
reprima o consumo e o tráfico de drogas. Ótimo! Eu também cobro, exijo… e
espero que assim seja feito. Mas, ao mesmo tempo, pregam, através de campanhas
bem elaboradas e bem financiadas, que o consumo seja… vamos falar francamente…
liberado. E que o consumidor seja blindado, seja tratado como um especial. E,
como o consumidor é especial, bonitinho, na maioria das vezes filhinho de pai,
inocente, frágil… bem, para este “ator” dessa peça absurda e triste, ficam garantidos
todos os direitos de cidadão. Então o jeito é voltar-se para (ou contra) a
polícia que, vejam vocês, parece ser o lado mais fraco nessa briga.
Eis a incoerência!
Que fique claro:
1) Sou contra qualquer tipo de violência. Seja da polícia ou
do bandido. Logo, não estou defendendo aqui que a polícia use de violência no
cumprimento de seu dever.
2) Sou a favor de uma discussão sobre a questão das drogas.
Mas que seja séria e coerente com as leis vigentes.
3) Se a lei atual não atende, temos ferramentas e instituições
para adaptá-las, modificá-las ou até mesmo anulá-las. Até lá, temos o dever de
obedecê-las.
4) Na reportagem, a ação tanto da Guarda Municipal como da
Polícia Militar foi errada. Assim como o consumo. Assim como a venda. Assim a
defesa desse erro por parte da mídia.
5) Pontos conhecidos de consumo (e talvez de venda): além da
Lapa (não apenas nas ruas, mas também em alguns estabelecimentos); vários
pontos do Aterro do Flamengo; Glória (próximo a SEARJ e a rua do Russel –
pertinho da Rádio Globo); Praia do Flamengo assim como o famoso e bem
frequentado e badalado Posto 9, em Ipanema… E tantos outros lugares, bem
conhecidos, turísticos até, onde o poder público assim como o poder midiático,
ambos representados por seus agentes, se fazem presentes.
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