segunda-feira, dezembro 24, 2012

2012. Um balanço. (parte 3)


Na família

Como a mais importante instituição de nossas vidas pode ser algo tão complexo? Pelo menos para mim. Mas já que me propus fazer um balanço do meu 2012, escrevendo sobre tópicos relevantes [para mim], não posso deixar a família de fora. E, considerando a data, talvez seja o tema certo no momento adequado.

A relação que tenho com minha família não é muito boa. Protocolar em algumas ocasiões, intensa em outras tantas, distante em alguns momentos, inexistente em outros. Em 2012 não foi diferente.

O decorrer do tempo, em se tratando de famílias, deveria significar aprimoramento e fortalecimento de relações, renovação ou reafirmação de tradições. A família nasce, a família cresce, a família envelhece… mas a família não morre. Ou não deveria.

A [minha] família que nasceu e cresceu mostrou-se envelhecida talvez precocemente em 2012. O passar dos dias também significa isso, claro. Tenho consciência. Eu sei. É como naquela música do Alvaiade, belamente cantada pela Velha Guarda da Portela. “O dia se renova todo dia. Eu envelheço cada dia e cada mês. O mundo passa por mim todos os dias. Enquanto eu passo pelo mundo uma vez.” 

Alguns membros de minha família envelheceram, e muito rapidamente em 2012. Os dias se renovaram, as pessoas não. E o mundo continua a passar, naturalmente, a cada dia. Um mundo cheio de possibilidades, mas que parece tão distante dos olhos e das aspirações dessa família que tanto amo. Uma pena.

Posso dizer que me retirei “ao mundo” (e não do mundo) há quase duas décadas e isso, em muitos aspectos, significou um distanciamento, físico, obviamente, mas também intelectual. E, nesse ponto, intelectualidade não significou [apenas] escolaridade (embora seja um ponto relevante nessa história complexa que é minha família), mas compreensão e entendimento… do mundo, das coisas, das causas e efeitos, das consequências, das possibilidades concretas e mesmo das abstratas. Compreensão e entendimento do que [eu] penso ser simples ou complexo.

O fato é que, em 2012, esse distanciamento se elevou, se ampliou. E sou um pessimista. Talvez mude um dia, talvez não. 

O sentimento de culpa também ficou um tanto [mais] evidente e, externalizado em determinado momento deste 2012, tem me ajudado (o reconhecimento desse sentimento) a pelo menos esboçar uma mudança [em mim]. 

História de amor e ódio? Definitivamente, não. História de amor e incompreensão.

Família. A mesma família cujas mulheres homenageei há alguns anos aqui no TUIST.

Bem, fico por aqui no desabafo, vago (é difícil), mas bem pessoal, do tópico família nesse balanço do meu 2012.

Aproveito para desejar a todos e a cada um, independente de seu credo e de sua fé, Feliz Natal!


Nenhum comentário:

A menina no mercado

Havia uma menina no mercado. Devia ter uns 12 anos. Talvez menos. Estava atrás de mim no caixa. Tinha dois pacotes de macarrão instantâneo n...