segunda-feira, maio 09, 2011

Mesquita e o desrespeito à Saúde


Neste domingo (09/05/2011), minha mãe se sentiu mal durante a madrugada. Eram aproximadamente 3 horas da manhã do Dias das Mães. Recorreu a UNIDADE DE SAÚDE DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA DR. MÁRIO BENTO na Rua Barão do Rio Branco, do bairro Jacutinga, município de Mesquita/RJ (clique aqui). Minha mãe é moradora do bairro, praticamente vizinha da Unidade de Saúde.

Chegando lá, foi recebida por um atendente confortavelmente instalado numa cadeira e com as pernas em cima de uma mesa. Este diligente funcionário de uma instituição pública de saúde informou não haver médico ou qualquer profissional do atendimento. Minha mãe foi embora após alguns minutos. Felizmente está bem agora, mas poderia ter sido diferente.

No mesmo dia fui visitá-la. Saindo de sua casa após o almoço, por volta das 13h30min. Enquanto aguardava a Kombi (infelizmente o necessário transporte complementar da cidade), vejo uma mulher se dirigindo ao mesmo posto em busca de atendimento, talvez para um de seus filhos (três crianças de idades diferentes). Mais uma mãe. Retorna logo depois reclamando e ouço bem quanto lamenta, revoltada, terem um posto sem profissionais de saúde, apenas um prédio (recém inaugurado por sinal). Pelos comentários, de ambas as mães, o descaso não é novidade.

Resolvo conferir. Afinal, já são duas homenageadas do dia se queixando do mesmo problema. Quantas outras? Vou até o posto. Logo no portão, um senhor conversa animado com uma mulher e brinca com uma criança. Percebo tratar-se de uma família. Pacientes em busca de atendimento? Acompanhantes aguardando paciente? Não. O homem, pelo que vi, trabalha no posto. A mulher e a criança, provavelmente mulher e filho(a), ou conhecidos, não sei.

Entro. Dirijo-me ao balcão de atendimento onde três homens (um uniformizado, usando um terno escuro, e outros dois com roupas casuais) assistem, muito animados, algum dos detestáveis programas dominicais num aparelho de televisão ali instalado. Além deles, mais ninguém no posto.

Começo minhas perguntas:
1) Existe algum médico atendendo? NÃO
2) Em nenhuma especialidade? NÃO
3) Alguma previsão para que alguém atenda? NÃO.

Agradeço e saio. Se verificarem no site da prefeitura de Mesquita (clique aqui) verão que a tal unidade de saúde deveria operar "Todos os dias com atendimento de urgência 24 horas". Mas como eu e as mães - e sabe-se lá quantas outras mães e outras pessoas em busca de atendimento - puderam comprovar, não é o que acontece. Reitero que a unidade passou por reforma e "reinaugurou" recentemente. Para quê? Talvez para oferecer aos moradores momentos de decepção, de desamparo. Talvez para deixar disponível a todos mais um canal de descaso com a saúde, de desrespeito com o ser humano. E, claro, para empregar pessoas animadas e descansadas e descontraídas, que gostam de assistir televisão numa tarde de domingo no dia das Mães.

Observações:
a) Enviei texto similar para a Ouvidoria do Município. Requerimento número 03372. Feito hoje e como autônomo. Mas, como podem ver, público aqui no TUIST onde posso ser identificado. Nada a esconder, muito para falar.
b) Também encaminhei para o canal Eu-repórter, do O Globo Online. Quem sabe um pouco de publicidade serve para, pelo menos, incomodar certo prefeito enquanto este curte seu segundo mandato, certo secretário de saúde, certa subsecretária de saúde e outros servidores que simplesmente não servem.
c) Segundo informações do Portal Transparência (algo louvável num município administrativamente tão caótico), a secretaria de saúde conta com 69 médicos, sendo 68 no quadro permanente em diferentes faixas salarias. Clique na imagem para ampliar.


d) Segundo informações obtidas no mesmo Portal, a Unidade de Saúde objeto desta postagem conta com 4 médicos no quadro permanente recebendo salário base de R$ 6.996,00. Pelo visto eles estão fazendo bom uso do salário (fico pensando se possuem matrícula em outros órgãos, ou se são tão diligentes caso atuem em estabelecimentos particulares). Esses 4, pelo visto não são tão permanentes assim. Clique na imagem para ampliar.



Viva às Mães!
Cadeia para os gestores da Saúde em Mesquita!!

Nenhum comentário:

A menina no mercado

Havia uma menina no mercado. Devia ter uns 12 anos. Talvez menos. Estava atrás de mim no caixa. Tinha dois pacotes de macarrão instantâneo n...