domingo, outubro 10, 2010

Uma lei, uma luta, uma fruta

Que fique claro: não sou nenhum puritano! Posto isso, permitam-me destilar talvez um preconceito, talvez um incomodo, talvez uma inquietação ou mesmo curiosidade.

Hoje, ao ler uma nota curta num jornal sobre uma certa mulher, nascida a pouco mais de 20 anos, me veio a mente outra mulher, cuja luta começou anos antes do nascimento da primeira. A luta a que me refiro teve e tem sua importância não apenas para ambas, mas para todas as mulheres. E, por que não dizer para todos nós, independente de gênero?

A primeira mulher, conhecida por seus dotes físicos (é realmente impressionante!) e..., bem, creio que só. Penso que foi uma das precursoras na adotação de pseudônimos frutíferos (com trocadilhos, por favor). Atualmente está em evidência num reality show que, pelo menos para mim, não tem relevância alguma. Isto é, nada que acrescente ou possa acrescentar algo na minha vida (só na minha?). Não posso dizer que seja a única razão para que eu não assista o tal programa. Mas não vem ao caso comparar com outras porcarias que já assisti. É claro, sempre é possível fazer alguma reflexão psicológica, sociológica, antropológica ou seja lá o que for.

A segunda mulher, como adiantado no início, é conhecida por sua luta. Abaixo um resumo, retirado do site do Projeto AME.

Em 1983, Maria da Penha recebeu um tiro de seu marido, Marco Antônio Heredia Viveiros, professor universitário, enquanto dormia. Como sequela, perdeu os movimentos das pernas e se viu presa em uma cadeira de rodas. Seu marido tentou acobertar o crime, afirmando que o disparo havia sido cometido por um ladrão.

Após um longo período no hospital, a farmacêutica retornou para casa, onde mais sofrimento lhe aguardava. Seu marido a manteve presa dentro de casa, iniciando-se uma série de agressões. Por fim, uma nova tentativa de assassinato, desta vez por eletrocução que a levou a buscar ajuda da família. Com uma autorização judicial, conseguiu deixar a casa em companhia das três filhas. Maria da Penha ficou paraplégica.

Tendo o que pode ser considerado preconceito [meu] sido exposto parágrafos acima, agora vamos ao que me incomoda, ao que me inquieta, vamos a minha curiosidade. O que pensaria a segunda mulher, a mulher da luta, ao ouvir a primeira mulher declarar “Eu gosto de homem que bate, sabe?”?

Preferência sexuais à parte, não pude deixar de pensar no que significa para as tantas mulheres que sofreram ou sofrem violência doméstica ouvir em cadeia nacional algo desse tipo. Bem, conhecendo a personagem, surpreenderia se usasse a oportunidade para alguma declaração conscientizadora e relevante sobre essa temática. Mas eu entendo. Isso não traria frutos (com trocadilho), não daria audiência.


Um comentário:

Unknown disse...

Oi Alex, como um membro desse gênero, sinto vergonha de ver e ouvir esse tipo de coisa. E é estranho que até mesmo me sinta compelida a esconder os atributos físicos para não ser "misturada" nessa mesma cesta (de frutas!!), ou no mesmo balaio...Se é preconceito, confesso que tb o tenho. Eu realmente acredito que o mundo seria um lugar melhor se 80% das mulhers fossem Maria da Penha, e a mídia fosse voltada pra isso e não só níveis de audiência.

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