sábado, outubro 30, 2010

Eleições 2010

Está quase no fim. No domingo à noite já teremos escolhido os traseiros que ocuparão a cadeira da presidência durante os próximos quatro anos. O plural é proposital, pois sabemos que é sempre um grupo que vai ao poder.

Evitei (e evito) entrar nas discussões que ocorrem nos lugares e momentos mais inadequados sobre quem seria melhor ou pior para o Brasil. Seja no trabalho, algumas vezes de forma desrespeitosa; seja durante um jantar na casa de amigos; nos infindáveis e-mails que desafiam os recursos anti-spam e filtro (nunca os usei tanto); seja nas redes sociais com uma quase imposição a leituras das mais diversas que “comprovariam”, com a mesma paixão, as falcatruas de um ou de outro candidato; até mesmo em festa de criança...

De qualquer forma, por mais que me incomode a maneira e principalmente os lugares e momentos nos quais esse tipo de discussão é levantado, é ótimo saber que podemos discutir, que podemos nos posicionar. Essa tal liberdade também ajuda a descobrirmos até que ponto nossa liberdade incomoda. É curioso. Ás vezes penso que meu silêncio incomoda tanto, ou mais, que o barulho de outros. Liberdade de expressão, de escolha, de posicionamento político, filosófico, religioso, intelectual... liberdade! Mas creio que existe momentos e lugares para exercermos esse direito básico, sob o risco de desrespeitar o direito do próximo.

Recentemente uma amiga que trabalha num sindicato me ligou e num determinado momento o rumo da conversa foi (ela direcionou) para a questão eleitoral. O simples fato de não ter me posicionado a favor de um dos lados (nem do outro) bastou para que ela se espantasse. Foi muito engraçado. Ela praticamente me ameaçou com “um monte” de e-mails, com certeza com o mesmo conteúdo daqueles que citei no início e que venho ora bloqueando, ora filtrando e sempre deletando.

Creio que seja comum, numa relação de amizade, esperarmos pensamentos similares. Mas aprendi que a visão de mundo (o posicionamento político, filosófico, etc.), mesmo de um amigo, por mais íntimo que seja, é sempre carregado de subjetividade, de influências ao longo da vida, de experiências. E, bem, minhas influências e experiências foram diferentes das de minha amiga. E com certeza nossa amizade não é posta à prova a cada quatro anos.

O fato é que na próxima semana os assuntos mudam... um pouco. As discussões seguirão outro rumo. Provavelmente o futuro. Os próximos quatro anos. Mas quatro anos de construção. Será uma sequência, independente de qual grupo assuma, pois o que somos hoje começou ontem, assim como o que fomos ontem começou bem antes.

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