O exemplo do palhaço
Ele teve um número recorde de votos, independente das razões e motivações de seus mais 1 milhão eleitores. Ainda não foi empossado e a polêmica continua com indícios de que não seja alfabetizado. Esse é mais um capítulo dessa novela que é a vida pública e política no país. Não posso deixar de dar os meus pitacos. Longe de mim tentar resolver. A intenção é usar a notícia. E farei isso de 5 modos.
1° - A culpa não é do analfabeto. Ao contrário do Luiz da Silva, não vou exaltar a falta de estudos. Isso não é algo para se ter orgulho. Mas uma coisa não podemos negar: a roubalheira, a falta de ética e moral, o desrespeito com o bem público, os crimes que acontecem na vida política brasileira não são cometidos por analfabetos! Muito pelo contrário. As Vossas Excelências, que tanto nos envergonham, que tanto nos roubam, que exaltadamente bradam suas virtudes e suas imaculadas inocências na tribuna, são em sua maioria doutos e distintos cavalheiros e damas, com seus diplomas, muitas vezes obtidos em cursos conceituados em universidades respeitadas.
2° - Relacionado ao primeiro.... Façamos um exercício mental. Vamos imaginar que no lugar do palhaço tivéssemos um latifundiário ou um empresário conhecido. E, ao invés do analfabetismo, o que estaria em jogo, o que teria de ser provado, seria sua honestidade e capacidade ética e moral para exercer o cargo. Será que haveria tanto furou das autoridades? A resposta é simples: não. Isso é ficção. O desonesto, o canalha, o bandido, pode ser latifundiário, empresário ou até mesmo palhaço. Basta saber ler.
3° - Será que uma exigência dessas faz sentido quando se permite... bem, os anúncios abaixo falam por si. Vale ressaltar que sempre destacam “reconhecido pelo MEC”
4° - Esse processo para provar se é ou não alfabetizado é uma verdadeira palhaçada! Deem um jornal nas mãos dele e peça que leia em voz alta (analfabeto ou não?) e comente uma notícia qualquer (funcional ou não?). Ah, mas isso não seria... justo (?). Além de não dar a devida audiência.
5° Agora puxando a bola para o lado informacional da coisa. Existem reportagens investigativas sobre a vida escolar do humorista (um exemplo aqui). Pelo visto não encontraram documentação comprobatória de sua vida escolar. Até aí tudo bem, não seria, se fosso o caso, a primeira pessoa a se alfabetizar longe da sala de aula. Mas o estranho, e até criminoso, é essa ausência de documentação. O histórico escolar, se não me engano, é documento de guarda permanente. Mesmo uma escola fechando, esse documento deve ficar sob tutela do Estado. Num quadro ideal de gestão da informação, respeitando a legislação vigente, uma informação objetiva deveria ser fornecida pela Secretaria de Educação do estado de origem. São inaceitáveis declarações do tipo “não encontramos o documento”. Deveriam simplesmente informar SIM, existe documentação e está em tal lugar, ou NÃO, não existe registro.