domingo, agosto 28, 2011

Um charmoso que mata por R$ 0,60

Sempre gostei do Bondinho de Santa Teresa. Me remete ao passado, num tempo áureo da vida cultura, social e boêmia de um Rio de Janeiro que não conheci. Complicado isso. Sentir saudades de um tempo que não vivi.

A primeira vez que passeei de bonde foi no final dos anos 90. Frequentava muito Santa Teresa. Me idealizei morando lá, usando o bondinho em meu cotidiano. Lembro também que levei minha família para um primeiro passeio naquele lindo bairro, cheio de encanto, de beleza, de peculiaridades.

Por isso recebi com muita tristeza mais uma notícia trágica envolvendo o Bondinho . E, embora não seja um frequentador assíduo do bairro com seu veículo sob trilhos, posso afirmar que a tragédia vem sendo anunciada há muito tempo.

O Governo do Estado do Rio de Janeiro e a Prefeitura Municipal da Cidade do Rio de Janeiro devem ser responsabilizados!

O Bondinho de Santa Teresa, apesar de ser considerado uma atração turística, é, em primeiro lugar, um meio de transporte público. E, considerando a topologia do bairro de Santa Teresa, o bonde é uma das melhores opções para o local.

A prefeitura da cidade o apresenta na página de Secretaria de Turismo (Riotur), se referindo ao meio de transporte como “charmosos veículos” e “famoso bonde amarelinho”. É charmoso, é famoso, mas, antes disso, é um meio de transporte. Como tal, deveria receber a atenção necessária dos órgãos competentes (sic).

O ônibus de dois andares que circula em Londres também é conhecido internacionamente, mas atua como o que realmente é, um meio de transporte. Em Lisboa e Porto também circulam bondes e, da mesma maneira, atuam como meio de transporte. Possuem caráter turístico, são charmosos, são famosos, mas não deixaram (pelo menos ainda) de serem o que são: meios de transporte.

A falta de manutenção é evidente. Os profissionais mais parecem astros num palco, se exibindo para turistas de todas as partes do mundo. Manobras bruscas são uma constante. A superlotação é quase uma regra. Ainda mais em feriados e fins de semana. A tarifa, de R$ 0,60, não sofre reajuste há aproximadamente uma década. Reafirmando o caráter de “ferramenta” turística subsidiada. Repito: O BONDE DEVE SER CONSIDERADO UM MEIO DE TRANSPORTE E NÃO UMA ATRAÇÃO TURÍSTICA! E, mesmo que fosse uma atração turística, o Estado/Município deveria fazer o trabalho que lhe cabe.


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