quinta-feira, julho 29, 2010

Um leitor escreve o que muitos pensam
E a mesmice é propagada como relevante novidade

Espaço bastante democrático, embora eu não entenda qual o critério para o uso, a versão online do jornal O Globo permite que leitores escrevam e publiquem artigos. Eu mesmo já postei no Eu-repórter. Também existe o serviço Opinião do Leitor. Creio que os textos passam por revisão, mas a essência está lá. O pensamento, o sentimento externado em palavras escritas. É algo que gosto muito. O TUIST é um pouco disso. Um espaço para desabafos literários. Mesmo que não profissional. Aqui, embora transcrevo minhas angústias pessoais, meus preconceitos, meus medos, minhas revoltas (e outras coisas mais), tenho certeza que tais revoltas, medos, preconceitos e angústias são familiares de outros. Assim são os textos, as postagens, as opiniões, tanto em blogs (amadores) como em jornais (profissionais). A opinião de um pode refletir a opinião de outrem.

Hoje, estava fazendo minha varredura diária do portal de notícias, e fui atraído pelo título Hipocrisia do "politicamente correto". Leia aqui. O texto, escrito por um leitor, é pensado e redigido dentro do contexto do Estatuto da Igualdade Racial, instituído e recentemente sancionado com a Lei 12.288 de 20 de Julho de 2010. Confesso que ainda não a li na íntegra, mas lerei. É um assunto que me interessa, por motivos que não são tão óbvios quanto minha foto aí em cima pode levar a crer.

Voltemos ao artigo do leitor... Enquanto fazia a leitura, foi como se me deparasse com algo já visto, um texto já lido, uma história já contada. E é realmente isso, o âmago, a substância, é algo mais que explorado. Chego a conclusão que o discurso não mudou. Temos lá a genética, a evolução, as pesquisas que interessam, as porcentagens impactantes, as frases de efeito, a diversidade semântica, as aspas, as comparações, os exemplos... Enfim, temos lá uma opinião formada, um pensamento consolidado, um conceito.

A impressão que tenho é de muitas pessoas escrevendo, não apenas o leitor, ou um leitor, que usou o espaço democrático daquele portal de notícias. Aquelas palavras pareciam ter sido escritas por uma multidão de pessoas que reafirmavam algo em prol do que chamavam de igualdade. "Somos todos iguais" diz a derradeira frase.

Os comentários funcionam como um complemento, fortalecendo tudo o que o texto tem a oferecer. Todo esse conjunto, texto e comentários, me mostram (talvez mostrem a outros) o quanto é complicada a questão rac... a questão da cor da pele na sociedade. A fervorosidade com que os que são contra e os que são à favor exprimem suas opiniões só perde para a falta de criatividade e a mesmice com que tais opiniões são externadas. O resultado é a velha propriedade física da inércia. Um conjunto de forças de resultante nula.

Em minha opinião, muitas pessoas, geralmente as que têm espaço midiático ou mesmo acadêmico, estão desumanizando uma questão que, em primeiro lugar, deveria considerar o fator humano. Eu não sou um ponto percentual! Eu respiro, vejo, escuto. Eu sinto. Eu vivo.

Mas essa inércia é aparente (eu espero). O primeiro, e melhor, passo para resolver certos desacertos (sociais, humanos, psicológicos, etc) já está sendo dado. Mesmo que ao ritmo de uma canção, no dois prá lá, dois prá cá. Estamos falando. Estamos tocando no assunto. Estamos trocando uma idéia, sobre tudo o que está aí.



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