Rio de Janeiro. De ontem. De hoje. Nosso passado. Nosso presente. O futuro? Quem sabe?
Gosto muito de caminhar pelas ruas do Rio. Nem sempre é algo fácil, prazeroso, belo. Mas os buracos, que são muitos, e as pedras portugueses desrespeitadas nos ensinam. Atenção para onde vamos, onde pisamos é um dos ensinamentos. Nem todos passam nos muitos testes.
A incomoda obra do VLT é mais um dos muitos incômodos da engenharia da mudança, que vai moldando a cidade ao longo dos anos, dos séculos.
Atualmente é a Rua Marechal Floriano, outrora Rua Larga, que se prepara para o amanhã. E, para ganhar a nova vestimenta, precisa se desnudar da atual. E é nesse ponto que o passado se faz presente.
Várias são as estrutura do que ali existiu. Arqueólogos se espalham escavando, limpando, tentando "ver" o passado.
Hoje caminhei por aquele passado. Notei uma aglomeração de pessoas, incluindo equipe de televisão, observando trabalhadores no ponto próximo ao Colégio Pedro II. Mais ruínas vindo à tona.
Pouco depois li que naquele local "foram achados alicerces e poços de uma loja de venda de escravos, que funcionou provavelmente nos anos 1860 e 1870".
Vejam só. Pessoas livres observando as chagas do passado cativo. Sempre me pergunto o que estariam pensando...
Próximo daqueles presentes curiosos com o passado havia um senhor. Calculo que tinha entre 60 e 70 anos. Não menos. Talvez mais. Mendigava. Um verbo feio, triste, duro, cujo substantivo reforça nosso subdesenvolvimento. Um senhor negro, como tantos outros.
Não me escapou a triste ironia. Aquele senhor tão presente era nosso passado. Nossa ruína em carne, ossos, roupas sujas, olhar triste e mãos estendidas.
Mas todos ali olhavam para a nossas ruínas de pedra, terra e objetos inanimados. Estendiam as câmeras seus smartphones, seus olhares, seu interesse...por um passado.
Enquanto isso...
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